EAP Index Brasil: Unchained Melody (CD - FTD, 2007)

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Unchained Melody (CD - FTD, 2007)

Título:
Unchained Melody
Selo:
FTD [FTD 060] [88697 03612 2]
Formato:
CD
Número de faixas:
22
Duração:
64:00
Tipo de álbum:
Concerto
Vinculado a:
Discografia FTD
Ano:
2007
Gravação:
20 de fevereiro de 1977
Lançamento:
Janeiro de 2007
Singles:
---


Unchained Melody foi o sexagésimo CD da FTD. Ele cobre o show quase completo de 20 de fevereiro de 1977 DS e versões excepcionais da mesma turnê. O trabalho encontra-se atualmente fora de catálogo.

Em 1977, Elvis estava em baixa. Seu setlist ficou bastante estagnado e seus shows eram muitas vezes superficiais, na melhor das hipóteses. Após a excitação e a alta energia recém-descoberta dos shows de dezembro de 1976, no início de 1977 ele desceu rapidamente e ganhou o peso que havia perdido recentemente.

Em janeiro, o cantor mostrou pouco interesse em terminar as músicas para seu próximo álbum no Creative Studios de Nashville. Talvez fosse sua preocupação com o livro revelador que estava sendo escrito por seus ex-guarda-costas ou talvez a novidade de seu novo relacionamento com Ginger Alden tivesse se esgotado.

Desesperado por novas músicas, Felton Jarvis, produtor de Elvis, saiu em turnê de março a maio de 1977 para tentar gravar novo material ao vivo. Essas gravações eventualmente forneceram três músicas para o LP "Moody Blue", além de serem usadas para a compilação "Spring Tours '77" da FTD.

A primeira turnê de Elvis em 1977 teve 10 shows, começando em Hollywood, Flórida, em 12 de fevereiro e terminando em Charlotte, Carolina do Norte, no dia 21 do mesmo mês. Infelizmente, com Elvis tendo engordado e estando esgotado, as coisas seriam muito piores daqui para frente.

Ao lançar o CD "Spring Tours" em 2002,FTD teve a oportunidade de selecionar as melhores gravações ao vivo de Felton Jarvis na primavera de 1977, que criaram um perfil interessante, embora um tanto positivista, de Elvis em concerto durante esses 3 meses. Ao compor este novo trabalho, a gravadora foi inteligente ao selecionar outras treze novas músicas que não foram apresentadas na compilação anterior, tornando-o um companheiro digno.

Na verdade, até agora, nenhum show completo de 1977 foi considerado digno de lançamento oficial, embora muitos tenham surgido em bootlegs - e alguns deles de gravações do público. Mas aqui, finalmente, temos um show "completo" (tanto quanto foi gravado pelo engenheiro) e, melhor ainda, uma performance completamente desconhecida do primeiro show de Elvis em Charlotte, em 20 de fevereiro. Sabendo que Elvis não estava em seu melhor, há um bônus definitivo em ter uma seleção de 8 faixas extras para aumentar o tempo de execução do CD.

Muitos fãs reclamaram que a foto da capa não mostra Elvis em uma boa luz. No entanto, ela é uma fotografia sincera da época. Ele parece um pouco sonolento, mas ainda tem felicidade em seu sorriso. O que as pessoas não notaram é que também mostra um vislumbre das costeletas de Elvis como sendo naturalmente brancas perto de sua pele.

Este é um CD para os fãs, não para o público em geral. Este é o verdadeiro Elvis, não a megaestrela ostentada pela RCA. A contracapa também apresenta muitas fotos dos shows feitas por Keith Alverson, mostrando Elvis parecendo acima do peso em alguns, feliz em outros - uma representação justa de fevereiro de 1977.

Abaixo segue nossa resenha deste CD espetacular.
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- 1. Love Me: Para uma gravação em soundboard, a qualidade é muito boa (mesmo que apenas em mono) e a mixagem é excelente com a voz de Elvis bem equilibrada entre a banda, músicos de apoio e orquestra.
Infelizmente, o engenheiro de som não gravou os três primeiros números, mas, novamente, Elvis costumava levar algum tempo para "aquecer". E para ser honesto, não faz falta ter outra versão extremamente longa de "I Got a Woman / Amen". Elvis ainda não soa totalmente engajado, embora seja uma versão típica de 1977 em que ele brinca com a plateia.

- 2. Fairytale: "Esta próxima música é uma que lançamos em um disco. É  a história da minha vida e se chama 'Fairytale'." É sempre bom ouvir esta música ao vivo e, mesmo que não tenha nada parecido com a emoção das versões de 1975, Elvis se entrega à rendição.

- 3. You Gave Me a Mountain: "'Mountain', filho!" Elvis parece mais engajado e consegue ignorar a microfonia que muitas vezes o incomodava. Ele se preocupa com seu fraseado e quando canta "apenas cansada, cansada de ser minha esposa" há uma ressonância particular. A plateia também aprecia muito.

- 4. Jailhouse Rock: "Meu terceiro filme foi 'Jailhouse Rock', então gostaria de canta-la." A rendição é a padrão, com Elvis distribuindo beijos e lenços para a plateia enquanto canta. É de se notar o excelente piano de Tony Brown.

- 5. O Sole Mio / It's Now or Never: Já como de costume, Elvis pede a Sherrill Nielsen que cante "O Sole Mio" em italiano e a capella, chamando-o de "smartalec" em tom de brincadeira. Há um toque muito latino em "It's Now or Never", com destaque para o trompete. Elvis ri e se diverte com a plateia e a banda durante a rendição.

- 6. Little Sister: Há uma interação divertida com a multidão antes da rendição, com Elvis obviamente de bom humor e comentando: "Quando eles me disseram que aqui era 'território de Elvis', eles não estavam brincando." Depois de uma fã se aproximar demais enquanto ele está ajoelhado no palco, o cantor revela: "Ela acabou de tocar meu sino!"
Sempre uma adição bem-vinda, a música tem uma boa performance, mesmo que você saiba que ela é impulsionada pelo funk da banda e não por Elvis. Embora bastante áspera, ela é tocada em um ritmo melhor e um pouco mais rápido do que nas turnês da primavera.

- 7. Teddy Bear / Don't Be Cruel: Outra descartável nas apresentações, traz Elvis mais interagindo com a plateia do que cantando. No fim, ele então brinca: "Vocês são selvagens!"

- 8. My Way: Depois de pegar uma folha com a letra de sua próxima rendição, Elvis diz: "Gostaria de cantar uma música que Frank Sinatra gravou. Não sei a letra dela, se chama 'My Way'." Após tomar um pouco de água, ele brinca: "É bem difícil cantar com gelo na garganta."
Reforçando que não conhece a letra, o cantor inicia sua rendição. Elvis adotou o texto do "não sei a letra" de 1975 em diante, o que era bastante estranho dado o fato de que ele cantava a música regularmente desde 1973. Até hoje não se sabe se era uma brincadeira que só alguns entendiam ou uma mensagem codificada de que ele havia passado por muitos problemas e aquela era uma letra muito pessoal.

- 9. Moody Blue: "Nossa mais nova gravação é 'Moody Blue' e... Eu não a conheço, não conheço mesmo. Sem brincadeiras, eu a gravei, mas... Vou precisar da letra... Então, se errarmos alguma coisa, desculpem-nos, porque nunca a tocamos a não ser quando a gravamos."
James toca o início da música, mas Elvis logo interrompe: "Errado, errado." Depois de discutir a letra e o tom com a banda, o cantor decide: "Para o inferno com 'Moody Blue'!"

- 10. How Great Thou Art: Um clássico Gospel, a rendição realmente parece trazer Elvis para o show. Sua voz acompanha muito bem o andamento e os backing vocals nessa versão fenomenal.
Nesse ponto do concerto, Elvis sempre aproveitava para descansar enquanto fazia a apresentação da banda, mas o engenheiro de som sabiamente não gravou o trecho longo e desnecessariamente parado. 

- 11. Hurt: Então, de um número poderoso, vamos direto para outro com Elvis colocando tudo de si em uma empolgante rendição. Se há alguma faixa que demonstre que ele estava "acordado e preparado" naquela noite é essa performance extraordinária.
Elvis adiciona um final estendido muito diferente à música, deslizando para baixo na escala e depois voltando novamente. Uma ótima versão que também recebe uma reprise poderosa.

- 12. Hound Dog: Claro que o clássico obrigatório estaria presente.
Depois de cantar, Elvis interage com a plateia e destaca uma fã que traz a foto dele com seus pais aos dois anos de idade, comentando: "Uma foto com meus pais, quando eu tinha dois anos. Eu era apenas uma criança.... Tinha visões de cantar em um quarteto Gospel." Ele então canta uma frase do clássico de 1957 "My Wish Came True" ("meu sonho se realizou").

- 13. Unchained Melody: "Senhoras e senhores, eu gostaria de sentar ao piano... Estamos gravando isso ao vivo, gostaria de cantar 'Unchained Melody'." Depois de discutir pormenores com a banda, Elvis canta a primeira estrofe antes de notar que sua voz soa um pouco "seca". Ele recomeça a rendição e faz um bom trabalho, embora erre o final.
Há versões muito boas nos dias e meses seguintes, mas a que se tornaria o Master ouvido no LP "Moody Blue" só viria na apresentação de 24 de abril em Ann Arbor.

- 14. Can't Help Falling in Love: Elvis faz uma versão rápida que leva ao inevitável fim do show. Apenas alguns segundos do "Closing Vamp" foram gravados pelo engenheiro de som.

BÔNUS

- 15. Moody Blue [Charlotte, 21/02/77]: "Gostaria de tentar cantar minha mais recente gravação. Tentei ontem, mas não consegui. Não sei a letra, então tenho que ler. Se errarmos, desculpem-nos." A seção de extras do CD começa com a única versão ao vivo completa da música.
Elvis tropeça e ri durante a rendição, e ela obviamente não é uma preferida da plateia, mas é ótimo ter esse registro único finalmente lançado de forma oficial.

- 16. Blueberry Hill [St. Petersburg, 14/02/77]: A rendição dessa raridade inestimável começa com Elvis ensinando Tony Brown a toca-la no piano: "Você é um ótimo pianista, mas está fora do tom, filho. Vou ensina-lo como fazer."
A versão é deliciosa e Elvis usa os mesmos toques de Fats Domino, fazendo-nos querer ouvir mais do que as duas estrofes que ele canta. 

- 17. Love Letters [St. Petersburg, 14/02/77]: "No piano elétrico está David Briggs. Na primeira vez em que David e eu trabalhamos juntos, era sua primeira sessão de gravação e nós gravamos uma música chamada 'Love Letters'. Eu gostaria de canta-la para vocês."
Esta é uma rara e fantástica adição para aquele show de dia dos namorados (comemorado nos EUA em 14 de fevereiro). Elvis dá o tom da noite com uma versão relaxada e romântica.

- 18. Where No One Stands Alone [Montgomery, 16/02/77]: "Senhoras e senhores, gostaria de cantar uma música que nunca apresentei ao vivo na minha vida. Nós nunca a ensaiamos, nunca a tocamos e eu nunca a cantei com o grupo. É uma música Gospel chamada 'Where No One Stands Alone'. Eu tenho que tocar piano porque sei as notas. Amigos, 'Where No One Stands Alone'. Serão apenas os Stamps e Sherrill Nielsen."
Dois minutos do mais puro Gospel se seguem. Talvez a plateia não tenha percebido a grandeza e importância do momento, mas Elvis e seus backing vocals realmente se sobressaem sem terem ao menos ensaiado antes. Esta é a única versão ao vivo.

- 19. Release Me [Columbia, 18/02/77]: "Quero fazer 'Please Release Me'... E dedicar a 'chicken neck'." Elvis dá a deixa para que Tony Brown toque o início da música, o que não acontece e o leva a começa-la por si só. Esta é a primeira de apenas três rendições da canção em 1977, sendo que não era interpretada ao vivo desde 1973. Elvis obviamente gosta da música e dá tudo de si. 

- 20. Tryin' to Get to You [Columbia, 18/02/77]: "Gostaria de cantar uma música que gravei há uns 20 anos, se chama 'Tryin' to Get to You'." A versão que se segue é uma das melhores de 1977, com um tempo mais acelerado do que nos próximos meses.

- 21. Reconsider Baby [Charlotte, 21/02/77]: "Este é um blues que cantei há cerca de um mês e meio." Raridade na setlist em 1977, com apenas duas rendições, traz Elvis se divertindo e aproveitando a música.
James e Elvis trabalham bem na guitarra e violão, complementando bem um ao outro. Com menos de 10 versões ao vivo desde 1969, é um verdadeiro prazer ter esta penúltima rendição em áudio de qualidade.

- 22. Why Me Lord [Charlotte, 21/02/77]: A última música do CD é uma versão bastante estranha do clássico Gospel que Elvis retirara de suas apresentações em 1975.
Ela começa em um tom mais alto do que o normal e é uma adição interessante porque você pode imaginar Elvis coçando a cabeça e se perguntando por que não soa bem. Você pode ouvi-lo começar a cantar, mas depois parar porque está no tom errado. O cantor fica obviamente feliz quando eles começam no tom certo, pois se junta para executar uma versão muito doce, embora curta.

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