Título brasileiro: Elvis In Concert
Gravação:
19 e 21 de junho de 1977
Lançamento:
3 de outubro de 1977
Duração:
50min
Produtora:
CBS-TV
Orçamento:
US$ 1 milhão
Arrecadação:
---
Elenco principal:
Elvis Presley
The Sweet Inspirations
JD Sumner & The Stamps Quartet
Kathy Westmoreland
Sherrill Nielsen
Trilha sonora:
Elvis In Concert é um especial de TV póstumo de 1977, estrelado por Elvis Presley. Foi o terceiro e último especial de TV de Elvis, filmado durante sua última turnê.
Visando lucrar mais com seu menino de ouro, o Coronel Parker analisava meios de trazer Elvis para o foco da cultura jovem do final dos anos 1970, que já começava a trocá-lo por ritmos mais novos. A bilheteria ainda era boa, com shows lotados em diversas cidade e apresentações duplas, mas Parker queria mais. Queria algo extraordinário como 1969, 1970 ou 1972 - show lotado atrás de show lotado.
Pensando nisso, Parker correu atrás de seus amigos e logo conseguiu que a TV CBS o procurasse. A emissora queria um especial como "That's the Way It is" e "On Tour", mas mais focado na música, como o "'68 Comeback". O Coronel imediatamente fechou contato antes mesmo de falar com Elvis, mas talvez já ciente de que ele aceitaria.
Elvis, como sabemos, não estava em seus melhores dias em 1977. Aparte de alguns bons momentos em fevereiro e maio, e da voz que raramente lhe falhou, o restante do ano havia sido repleto de performances pobres, alguns shows cancelados devido a problemas de saúde e estresses. Mas nem Parker nem a CBS pareciam se importar com isso - ou pelo menos a emissora fingia não se importar para agradar o Coronel, cujo protegido havia rendido altas somas para ela.
Em 1º de junho de 1977, foi anunciado que Elvis Presley tinha assinado um contrato com a CBS para um novo especial de televisão. Foi acordado que a CBS gravaria concertos durante o verão de 1977 e exibiria o programa editado no Natal daquele ano.
A produção era bem menor do que qualquer um dos três shows / documentários anteriores. A ideia básica era seguir Elvis somente dentro dos palcos, no máximo a partir de sua chegada no local das apresentações que seriam gravadas, sem produzir entrevistas com amigos e/ou familiares nem filmar muito dos bastidores e ensaios - que naquela altura já eram inexistentes. A emissora então planejou filmar os espetáculos de 19 de junho, em Omaha, e 21 de junho, em Rapid City.
As duas cidades eram perfeitas para capturar a euforia necessária para passar ao público que um show de Elvis Presley ainda era algo muito dinâmico. O cantor havia se apresentado em Omaha somente quatro vezes nos anos 1970, todas com público recorde e lotação máxima - 1977 marcaria outro recorde, com a maior plateia já vista na cidade. Com Rapid City era melhor ainda pois seria a primeira vez que o Rei do Rock passaria pelo local, fazendo seu show no recém construído Rushmore Plaza Civic Center - de fato, Elvis seria o primeiro artista a se apresentar na arena.
Se tudo corresse bem nesses dois shows, as gravações estariam concluídas. Isso porque à época o repertório musical de Elvis quase não variava, e ficava reduzido às mesmas 20 ou 30 músicas reorganizadas de tempos em tempos. Os maiores movimentos da CBS seriam, em suma, as gravações pré-show, mostrando os preparativos para as apresentações, talvez um pouco de Elvis nos bastidores e alguns pequenos relatos de fãs e autoridades. O trabalho era, aparentemente, tão pouco que parecia não justificar o orçamento de um milhão de dólares.
Considerado como um dos piores shows de 1977, a apresentação de Omaha foi a primeira a ser capturada pelas câmeras da CBS. O público recorde - 10604 pessoas - esperou ansioso e recepcionou Elvis com uma grande ovação e gritos de euforia. Era apenas a quinta vez que Elvis visitava Omaha em toda sua carreira - uma em 1956, duas em 1974, outra em 1976 e agora esta. Não bastou, pois o Rei do Rock adentrou o palco como se estivesse entorpecido, em outro mundo.
Seu canto estava embargado e balbuciante; sua fala, quase ininteligível. Percebia-se em momentos que Elvis parecia nem saber onde estava, portando olhos que voavam longe da realidade. Segundo fontes próximas ao Rei, isso aconteceu por causa de seus remédios. Elvis tinha o hábito de tomar antidepressivos junto a calmantes e revigorantes, o que se transformava em um coquetel que o deixava lento e sonolento.
Mas apesar dos pesares, o show teve seus bons momentos. "That's All Right" foi um tanto aproveitável, embora Elvis tenha tido uma dificuldade enorme para coordenar as palavras ao introduzi-la. "Are You Lonesome Tonight" começou bem, mas empacou em uma brincadeira inteligível somente para Elvis e quem conseguisse lembrar de shows de 1969, quando fazia os mesmos trocadilhos com a canção - porém, bem mais coordenados. Pode-se dizer que a lenta "And I Love You So" foi boa, exatamente por ser lenta e melodiosa.
Os clássicos da carreira, como o medley "Teddy Bear / Don't Be Cruel", "Jailhouse Rock" e "Hound Dog" foram executados rapidamente, sem excessos e de modo insosso. "Fairytale" e "Little Sister", além de uma timidamente bem sucedida "It's Now Or Never", tentariam ganhar a noite. Mas Elvis somente se superou no que mais lhe tocava, o Gospel, com "How Great Thou Art". Apesar das circunstâncias do show, este momento em que Elvis se comunicava com Deus foi realmente um dos melhores de 1977.
Para ler a resenha completa deste show, clique aqui.
A única apresentação de Elvis em Rapid City em toda sua carreira foi bem melhor do que a de Omaha. Talvez pressionado pela CBS e pelo Coronel para que entregasse boas performances, Elvis deixou alguns de seus remédios de lado naquele dia e mostrou ao público que ainda podia voltar a ser aquele artista que os tinha cativado alguns anos antes, cheio de vigor e amor à vida. A voz estava bem mais clara, e a mente infinitamente mais lúcida. Elvis até mesmo comentou que alguém dissera que o local do show, o Rushmore Plaza Civic Center, havia sido construído recentemente e ele era o primeiro artista a se apresentar lá.
"See See Rider" já iniciou o show prometendo uma boa noite, com a voz de Elvis forte e ecoando pela arena. Elvis foi até mesmo capaz de perceber que errara a nota, e parou para corrigir - uma coisa que, se ocorresse em Omaha, provavelmente passaria desapercebido. As canções hit do passado ainda soavam cansativas em sua voz, mas mais provavelmente por serem tantas vezes repetidas. Há grandes rendições neste show, como "Love Me", "If You Love Me (Let Me Know)", "You Gave me a Mountain", "It's Now Or Never" e "Trying to Get to You".
"My Way" emocionou o público e gerou uma das maiores polêmicas até hoje: por quê Elvis precisou ler a letra da canção se já havia cantado a mesma exatas 100 vezes? Muitos acham que isso mostrava a deterioração da mente do cantor, e muitos outros consideram normal que um artista precise relembrar uma música. De fato, Elvis cantara a canção apenas 3 dias antes - 18 de junho, em Kansas City, Missouri - e ela deveria estar fresca em sua memória. Mas sabemos também que o Rei do Rock era um homem brincalhão e que por muitas vezes passou mensagens a partir de músicas. Talvez, ao "ter que ler", Elvis estivesse dando o recado de que sabia que aquela música era a descrição de sua vida e, de alguma forma, que ela estava chegando ao fim.
"Hurt" foi uma das melhores de 1977, com Elvis alcançando as altas notas presentes na versão do LP de 1976. "Hound Dog" foi executada de ótima maneira, com a letra pronunciada de forma inteligível e até Elvis tentando reprisar os movimentos pélvicos que havia deixado milhares de mulheres em êxtase antigamente. "Unchained Melody" foi também um dos pontos altos da noite. Muito mais por ser relativamente rara - cantada apenas 15 vezes - do que pela performance de Elvis ao piano. Como de costume, "Can't Help Falling In Love" anunciou o fim do show para um auditório visivelmente emocionado por ter tido a oportunidade de ver Elvis pela primeira vez e - quem sabe - por saber que não haveriam muitas outras chances.
Para ler a resenha completa deste show, clique aqui.
MAIS TRABALHO PARA A CBS
Para a decepção da CBS, o show de Omaha foi considerado quase totalmente inutilizável devido a problemas de som e pela pobre performance de Elvis. O Rei do Rock estava melhor em Rapid City, mas não tanto quanto a emissora rezava para que estivesse. A CBS então optou por dar um tempo esperando que Elvis melhorasse nos meses seguintes, quando voltaria a gravar os shows. Os planos incluíam até mesmo alguns shows do outono de 1977, já bem perto da data limite para começo da edição do programa. A última filmagem da emissora antes da parada foi a chegada de Elvis ao aeroporto de Indianapolis, Indiana, em 26 de junho. Infelizmente, como conta a história, a CBS não teria novas oportunidades.
ELVIS IN CONCERT
Com a morte repentina de Elvis, a CBS teve de correr para exibir o especial antes do Natal, como previsto. Com isso, ela tinha disponíveis apenas as imagens dos dois shows citados acima, alguns minutos de bastidores e entrevistas com fãs. A emissora fez o melhor possível com o material e o tempo que tinha - a direção da emissora pediu a exibição em 3 de outubro de 1977 -, deixando a edição final muito fora do padrão desejado.
Algumas edições de imagens e entrevistas exibidas sobre o áudio de algumas músicas tentaram esconder a má qualidade da apresentação de Elvis, mas nada que conseguisse impedir que ela fosse detectada. Praticamente todo o programa teve de ser editado com o show de Rapid City, o que gerou horas de trabalho extra para a emissora. No fim, o programa não passou uma das melhores imagens dos shows finais da carreira do Rei do Rock.
"O ÚLTIMO SHOW"
Um equívoco sobre Elvis in Concert decorre de uma declaração transmitida pelo pai de Elvis, Vernon, na conclusão do programa, em que ele diz que os espectadores tinham acabado de presenciar o último show de Elvis. Isso tem causado dúvidas e confusões através dos anos, com muitas pessoas clamando que sim, se trata da última apresentação, e mesmo postando-a em sites como o Youtube como "o último show".
Na verdade, depois de Rapid City, Presley fez mais cinco shows nos cinco dias seguintes. O verdadeiro último show se deu em Indianapolis, Indiana, em 26 de junho de 1977. O especial da CBS foi apenas a última vez que um show de Elvis era gravado profissionalmente. O programa contém duas mensagens do pai de Elvis, uma delas gravada em 22 de junho no quarto do hotel onde o cantor estava hospedado para a apresentação daquele dia em Sioux Falls, South Dakota. A outra foi gravada no escritório de Graceland logo após a morte de Elvis, onde um Vernon visivelmente emocionado agradece as muitas pessoas que enviaram cartas e cartões e promete respondê-los.
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TRILHA SONORA
A RCA lançou um álbum com a trilha sonora no mesmo dia da transmissão do especial na televisão. O álbum duplo traz as canções vistas na TV e vários extras, incluindo "I Got a Woman / Amen" e "And I Love You So" do show de Omaha.
Para melhorar o áudio, a RCA pediu aos membros da banda de Elvis que gravassem acompanhamentos adicionais no fim de agosto de 1977, para dar um ar mais dinâmico e vibrante às apresentações. A banda gravou a melodia de várias canções, as quais foram sobrepostas às originais para uma melhoria considerável no áudio, processos que já havia sido feitos para o disco "Moody Blue".
O especial de TV pode não ter agradado a muitos, mas o LP foi um campeão, atingindo o pico de vendas em novembro de 1977. O álbum também alcançou a 5ª posição na Billboard, um feito que já não era visto há alguns anos.
Para ler sobre o LP, clique aqui.
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EPE E SUA POLÍTICA DE AGRADAR A ALGUNS, NÃO TODOS: "ELVIS IN CONCERT NUNCA SERÁ LANÇADO OFICIALMENTE"
Este especial é um dos poucos vídeos de Elvis que permanecem na lista dos improváveis de serem lançados oficialmente, e está disponível somente em forma de bootleg. A Elvis Presley Estate tem declarado ao longo dos anos que "não há planos para lançar o especial oficialmente, devido ao fato de que Elvis estava visivelmente longe de sua melhor forma física e performática". As poucas imagens lançadas oficialmente são as que aparecem no filme "This Is Elvis" (Are You Lonesome Tonight, Love Me, My Way e Unchained Melody, todos de Rapid City), de 1981, e no DVD "The Great Performances, Volume One: Center Stage".
A resposta da Elvis Presley Estate sobre não ter planos de lançar o especial oficialmente agrada a alguns, mas decepciona a muitos. Enquanto os fãs mais fanáticos insistem em querer enxergar apenas o Elvis magro e vibrante dos anos 1968-1973, os outros querem também reconhecer sua carreira entre 1974-1977. É com medo de perder estes fãs que compram tudo que é lançado, mesmo que sejam apenas novas edições dos mesmos produtos, que a EPE se recusa a lançar Elvis In Concert.
O que eles não entendem é que, para verdadeiros fãs, pessoas que admiram o homem e não apenas a forma, toda filmagem ou áudio de seus últimos anos será bem recebido. Elvis representa muito mais do que a EPE diz ver no programa. Sua forma física não era problema para as mulheres que gritavam, esperneavam e caiam em prantos por um beijo, lenço, abraço, aperto de mão ou simplesmente um olhar de agradecimento do Rei do Rock.
Falta grave da EPE é crer que deve agradar somente aos maiores compradores, quando na verdade a lealdade a Elvis está naqueles que o admiram em qualquer situação ou forma, e não nos endinheirados que querem somente manter uma imagem.
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Visando lucrar mais com seu menino de ouro, o Coronel Parker analisava meios de trazer Elvis para o foco da cultura jovem do final dos anos 1970, que já começava a trocá-lo por ritmos mais novos. A bilheteria ainda era boa, com shows lotados em diversas cidade e apresentações duplas, mas Parker queria mais. Queria algo extraordinário como 1969, 1970 ou 1972 - show lotado atrás de show lotado.
Pensando nisso, Parker correu atrás de seus amigos e logo conseguiu que a TV CBS o procurasse. A emissora queria um especial como "That's the Way It is" e "On Tour", mas mais focado na música, como o "'68 Comeback". O Coronel imediatamente fechou contato antes mesmo de falar com Elvis, mas talvez já ciente de que ele aceitaria.
Elvis, como sabemos, não estava em seus melhores dias em 1977. Aparte de alguns bons momentos em fevereiro e maio, e da voz que raramente lhe falhou, o restante do ano havia sido repleto de performances pobres, alguns shows cancelados devido a problemas de saúde e estresses. Mas nem Parker nem a CBS pareciam se importar com isso - ou pelo menos a emissora fingia não se importar para agradar o Coronel, cujo protegido havia rendido altas somas para ela.
Em 1º de junho de 1977, foi anunciado que Elvis Presley tinha assinado um contrato com a CBS para um novo especial de televisão. Foi acordado que a CBS gravaria concertos durante o verão de 1977 e exibiria o programa editado no Natal daquele ano.
A produção era bem menor do que qualquer um dos três shows / documentários anteriores. A ideia básica era seguir Elvis somente dentro dos palcos, no máximo a partir de sua chegada no local das apresentações que seriam gravadas, sem produzir entrevistas com amigos e/ou familiares nem filmar muito dos bastidores e ensaios - que naquela altura já eram inexistentes. A emissora então planejou filmar os espetáculos de 19 de junho, em Omaha, e 21 de junho, em Rapid City.
As duas cidades eram perfeitas para capturar a euforia necessária para passar ao público que um show de Elvis Presley ainda era algo muito dinâmico. O cantor havia se apresentado em Omaha somente quatro vezes nos anos 1970, todas com público recorde e lotação máxima - 1977 marcaria outro recorde, com a maior plateia já vista na cidade. Com Rapid City era melhor ainda pois seria a primeira vez que o Rei do Rock passaria pelo local, fazendo seu show no recém construído Rushmore Plaza Civic Center - de fato, Elvis seria o primeiro artista a se apresentar na arena.
Se tudo corresse bem nesses dois shows, as gravações estariam concluídas. Isso porque à época o repertório musical de Elvis quase não variava, e ficava reduzido às mesmas 20 ou 30 músicas reorganizadas de tempos em tempos. Os maiores movimentos da CBS seriam, em suma, as gravações pré-show, mostrando os preparativos para as apresentações, talvez um pouco de Elvis nos bastidores e alguns pequenos relatos de fãs e autoridades. O trabalho era, aparentemente, tão pouco que parecia não justificar o orçamento de um milhão de dólares.
OMAHA, NEBRASKA, 19 DE JUNHO DE 1977, 20:15
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Esta e ambas abaixo: 19 de junho de 1977 Elvis e Ginger entram no Lisa Marie em Kansas City, dirigindo-se a Omaha para o show daquela noite. |
Seu canto estava embargado e balbuciante; sua fala, quase ininteligível. Percebia-se em momentos que Elvis parecia nem saber onde estava, portando olhos que voavam longe da realidade. Segundo fontes próximas ao Rei, isso aconteceu por causa de seus remédios. Elvis tinha o hábito de tomar antidepressivos junto a calmantes e revigorantes, o que se transformava em um coquetel que o deixava lento e sonolento.
Mas apesar dos pesares, o show teve seus bons momentos. "That's All Right" foi um tanto aproveitável, embora Elvis tenha tido uma dificuldade enorme para coordenar as palavras ao introduzi-la. "Are You Lonesome Tonight" começou bem, mas empacou em uma brincadeira inteligível somente para Elvis e quem conseguisse lembrar de shows de 1969, quando fazia os mesmos trocadilhos com a canção - porém, bem mais coordenados. Pode-se dizer que a lenta "And I Love You So" foi boa, exatamente por ser lenta e melodiosa.
Os clássicos da carreira, como o medley "Teddy Bear / Don't Be Cruel", "Jailhouse Rock" e "Hound Dog" foram executados rapidamente, sem excessos e de modo insosso. "Fairytale" e "Little Sister", além de uma timidamente bem sucedida "It's Now Or Never", tentariam ganhar a noite. Mas Elvis somente se superou no que mais lhe tocava, o Gospel, com "How Great Thou Art". Apesar das circunstâncias do show, este momento em que Elvis se comunicava com Deus foi realmente um dos melhores de 1977.
Para ler a resenha completa deste show, clique aqui.
FOTOS:
19 DE JUNHO DE 1977 - JUMPSUIT MEXICAN SUNDIAL
Imagens: ©Sean Shaver
19 DE JUNHO DE 1977 - JUMPSUIT MEXICAN SUNDIAL
Imagens: ©Sean Shaver
RAPID CITY, SOUTH DAKOTA, 21 DE JUNHO DE 1977, 20:30
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Esta e abaixo: 21 de junho de 1977 - Ginger, Elvis e sua entourage entram no Lisa Marie em Lincoln, NE, para se dirigir a Rapid City para o show daquela noite. |
"See See Rider" já iniciou o show prometendo uma boa noite, com a voz de Elvis forte e ecoando pela arena. Elvis foi até mesmo capaz de perceber que errara a nota, e parou para corrigir - uma coisa que, se ocorresse em Omaha, provavelmente passaria desapercebido. As canções hit do passado ainda soavam cansativas em sua voz, mas mais provavelmente por serem tantas vezes repetidas. Há grandes rendições neste show, como "Love Me", "If You Love Me (Let Me Know)", "You Gave me a Mountain", "It's Now Or Never" e "Trying to Get to You".
"My Way" emocionou o público e gerou uma das maiores polêmicas até hoje: por quê Elvis precisou ler a letra da canção se já havia cantado a mesma exatas 100 vezes? Muitos acham que isso mostrava a deterioração da mente do cantor, e muitos outros consideram normal que um artista precise relembrar uma música. De fato, Elvis cantara a canção apenas 3 dias antes - 18 de junho, em Kansas City, Missouri - e ela deveria estar fresca em sua memória. Mas sabemos também que o Rei do Rock era um homem brincalhão e que por muitas vezes passou mensagens a partir de músicas. Talvez, ao "ter que ler", Elvis estivesse dando o recado de que sabia que aquela música era a descrição de sua vida e, de alguma forma, que ela estava chegando ao fim.
"Hurt" foi uma das melhores de 1977, com Elvis alcançando as altas notas presentes na versão do LP de 1976. "Hound Dog" foi executada de ótima maneira, com a letra pronunciada de forma inteligível e até Elvis tentando reprisar os movimentos pélvicos que havia deixado milhares de mulheres em êxtase antigamente. "Unchained Melody" foi também um dos pontos altos da noite. Muito mais por ser relativamente rara - cantada apenas 15 vezes - do que pela performance de Elvis ao piano. Como de costume, "Can't Help Falling In Love" anunciou o fim do show para um auditório visivelmente emocionado por ter tido a oportunidade de ver Elvis pela primeira vez e - quem sabe - por saber que não haveriam muitas outras chances.
Para ler a resenha completa deste show, clique aqui.
FOTOS:
21 DE JUNHO DE 1977 - JUMPSUIT MEXICAN SUNDIAL
MAIS TRABALHO PARA A CBS
Para a decepção da CBS, o show de Omaha foi considerado quase totalmente inutilizável devido a problemas de som e pela pobre performance de Elvis. O Rei do Rock estava melhor em Rapid City, mas não tanto quanto a emissora rezava para que estivesse. A CBS então optou por dar um tempo esperando que Elvis melhorasse nos meses seguintes, quando voltaria a gravar os shows. Os planos incluíam até mesmo alguns shows do outono de 1977, já bem perto da data limite para começo da edição do programa. A última filmagem da emissora antes da parada foi a chegada de Elvis ao aeroporto de Indianapolis, Indiana, em 26 de junho. Infelizmente, como conta a história, a CBS não teria novas oportunidades.
ELVIS IN CONCERT
Com a morte repentina de Elvis, a CBS teve de correr para exibir o especial antes do Natal, como previsto. Com isso, ela tinha disponíveis apenas as imagens dos dois shows citados acima, alguns minutos de bastidores e entrevistas com fãs. A emissora fez o melhor possível com o material e o tempo que tinha - a direção da emissora pediu a exibição em 3 de outubro de 1977 -, deixando a edição final muito fora do padrão desejado.
Algumas edições de imagens e entrevistas exibidas sobre o áudio de algumas músicas tentaram esconder a má qualidade da apresentação de Elvis, mas nada que conseguisse impedir que ela fosse detectada. Praticamente todo o programa teve de ser editado com o show de Rapid City, o que gerou horas de trabalho extra para a emissora. No fim, o programa não passou uma das melhores imagens dos shows finais da carreira do Rei do Rock.
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Elvis e Ginger a caminho do show em Madison, WI, em 24 de junho de 1977. |
"O ÚLTIMO SHOW"
Um equívoco sobre Elvis in Concert decorre de uma declaração transmitida pelo pai de Elvis, Vernon, na conclusão do programa, em que ele diz que os espectadores tinham acabado de presenciar o último show de Elvis. Isso tem causado dúvidas e confusões através dos anos, com muitas pessoas clamando que sim, se trata da última apresentação, e mesmo postando-a em sites como o Youtube como "o último show".
Na verdade, depois de Rapid City, Presley fez mais cinco shows nos cinco dias seguintes. O verdadeiro último show se deu em Indianapolis, Indiana, em 26 de junho de 1977. O especial da CBS foi apenas a última vez que um show de Elvis era gravado profissionalmente. O programa contém duas mensagens do pai de Elvis, uma delas gravada em 22 de junho no quarto do hotel onde o cantor estava hospedado para a apresentação daquele dia em Sioux Falls, South Dakota. A outra foi gravada no escritório de Graceland logo após a morte de Elvis, onde um Vernon visivelmente emocionado agradece as muitas pessoas que enviaram cartas e cartões e promete respondê-los.
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26 de junho de 1977: Elvis entra no palco pela última vez em Indianapolis, IN. |
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TRILHA SONORA
A RCA lançou um álbum com a trilha sonora no mesmo dia da transmissão do especial na televisão. O álbum duplo traz as canções vistas na TV e vários extras, incluindo "I Got a Woman / Amen" e "And I Love You So" do show de Omaha.
Para melhorar o áudio, a RCA pediu aos membros da banda de Elvis que gravassem acompanhamentos adicionais no fim de agosto de 1977, para dar um ar mais dinâmico e vibrante às apresentações. A banda gravou a melodia de várias canções, as quais foram sobrepostas às originais para uma melhoria considerável no áudio, processos que já havia sido feitos para o disco "Moody Blue".
O especial de TV pode não ter agradado a muitos, mas o LP foi um campeão, atingindo o pico de vendas em novembro de 1977. O álbum também alcançou a 5ª posição na Billboard, um feito que já não era visto há alguns anos.
Para ler sobre o LP, clique aqui.
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EPE E SUA POLÍTICA DE AGRADAR A ALGUNS, NÃO TODOS: "ELVIS IN CONCERT NUNCA SERÁ LANÇADO OFICIALMENTE"
Este especial é um dos poucos vídeos de Elvis que permanecem na lista dos improváveis de serem lançados oficialmente, e está disponível somente em forma de bootleg. A Elvis Presley Estate tem declarado ao longo dos anos que "não há planos para lançar o especial oficialmente, devido ao fato de que Elvis estava visivelmente longe de sua melhor forma física e performática". As poucas imagens lançadas oficialmente são as que aparecem no filme "This Is Elvis" (Are You Lonesome Tonight, Love Me, My Way e Unchained Melody, todos de Rapid City), de 1981, e no DVD "The Great Performances, Volume One: Center Stage".
A resposta da Elvis Presley Estate sobre não ter planos de lançar o especial oficialmente agrada a alguns, mas decepciona a muitos. Enquanto os fãs mais fanáticos insistem em querer enxergar apenas o Elvis magro e vibrante dos anos 1968-1973, os outros querem também reconhecer sua carreira entre 1974-1977. É com medo de perder estes fãs que compram tudo que é lançado, mesmo que sejam apenas novas edições dos mesmos produtos, que a EPE se recusa a lançar Elvis In Concert.
O que eles não entendem é que, para verdadeiros fãs, pessoas que admiram o homem e não apenas a forma, toda filmagem ou áudio de seus últimos anos será bem recebido. Elvis representa muito mais do que a EPE diz ver no programa. Sua forma física não era problema para as mulheres que gritavam, esperneavam e caiam em prantos por um beijo, lenço, abraço, aperto de mão ou simplesmente um olhar de agradecimento do Rei do Rock.
Falta grave da EPE é crer que deve agradar somente aos maiores compradores, quando na verdade a lealdade a Elvis está naqueles que o admiram em qualquer situação ou forma, e não nos endinheirados que querem somente manter uma imagem.
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Eu estou neste grupo dos que o admiram, independente da sua forma. Na época de sua morte, publiquei em jornais da minha cidade, alguns poemas em homenagem a ele, e outros continuam inéditos e inacabados até hoje. Nenhuma crítica, somente elogios. E hoje, consigo interpretar suas emoções muito melhor do que há 45 anos. Não é fácil ser um MITO e, mais difícil ainda é fácil amar e não ser correspondido. Felizmente sua filhinha o fez e continua a faze-lo feliz. Pena não ter feito mais filhos.
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