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terça-feira, 20 de junho de 2017

Elvis In Concert - Parte 1: 17, 18 e 19 de junho de 1977

Elvis em Charlotte, North Carolina; 21 de fevereiro de 1977 (©George Hill)
Em 17 de junho de 1977, Elvis começou o que seria sua última turnê. Durante dez dias ele se apresentaria em 10 cidades diferentes, incluindo Omaha e Rapid City, nas quais gravou seu especial, e culminando com o magnífico, para aquele momento, show de 26 de junho de 1977 em Indianapolis, Indiana.

No total, Elvis passaria por um público de 117 mil pessoas e arrecadaria mais de US$ 1,5 milhões naqueles poucos dias. Em 1977, seus 59 shows renderiam em torno de US$ 7 milhões, uma soma baixa se comparada aos anos anteriores quando somente uma temporada de 30 dias em Las Vegas arrecadava US$ 2,5 milhões e as turnês nacionais traziam mais, em média, US$ 50 milhões.

Claro, a saúde fraca de Elvis tinha uma porcentagem no por quê desses números baixos, uma vez que os fãs mais novos começaram a vê-lo como um dinossauro da música. Outro ponto era o estilo musical da época que também começava a mudar rapidamente em direção ao Punk Rock e Pop, afastando plateias mais jovens. O trabalho da mídia, que difamava Elvis sempre que podia , também teve parte nisso.

Mas Elvis era Elvis e se havia coisas com que ele podia contar, eram os milhões de fãs espalhados pelos EUA e pelo mundo. Sua voz, que naquele tempo começava a soar como a de tenores, era outra coisa que nunca o abandonava. Mesmo nos piores shows de 1977, e eles foram muitos, infelizmente, sua voz permaneceu intacta e sonora - apesar de arrastada e cansada, por vezes.

Abaixo resenhamos os 3 primeiros shows da última turnê:
17, 18 e 19 de junho.





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17 DE JUNHO DE 1977 - SPRINGFIELD, MISSOURI

Elvis em Springfield, Missouri; 17 de junho de 1977
Depois de 15 dias de descanso - a quarta e penúltima turnê do ano havia terminado em 2 de junho - Elvis volta aos palcos em Springfield, no que seria a abertura de sua última turnê. Ele não estava tão mal quanto no início de fevereiro ou fim de maio, para a alegria dos fãs. De fato, a apresentação daquela noite superou a expectativas de acordo com muitos pelo que se havia visto apenas quinze dias atrás em Mobile.

Mesmo assim, ainda havia incertezas no ar. Elvis começava a apresentar um quadro não muito promissor de depressão profunda e a reter líquido rapidamente - o que era normal desde 1975, mas não no ritmo de então. Alguns fãs cogitam que o divórcio, em outubro de 1973, tenha um papel fundamental na piora de sua saúde nos anos seguintes, mas esse foi o ponto menos impactante de tudo e, ao contrário do que muitos pensam, Elvis não morreu de amores por Priscilla.

O que realmente deprimia o Rei do Rock em 1977 era que sua vida estava indo por um rumo estranho e Parker só pensava em maximizar os ganhos, uma vez que a mudança na aparência era empecilho para muitos ditos fãs que deixaram de acompanhá-lo. Outro ponto era a imprensa, que diariamente trazia matérias falando de sua "decadência". Mas o que mais deprimia Elvis era o lançamento de "Elvis: What Happened?", o livro de Red e Sonny West, escrito por pura vingança depois que Vernon os demitiu, cheio de inverdades e acontecimentos pessoais que a ninguém interessavam a não ser Elvis.

O show de 17 de junho de 1977 não está disponível em áudio ou vídeo, tornando difícil resenhá-lo. As únicas informações vem de fãs e jornalistas da época, que montam um cenário mediano a favorável. Elvis estava de bom humor e cantou bem, apesar da voz um pouco arrastada. Devido à falta de informações confiáveis, não se sabe qual foi a tracklist da apresentação, mas crê-se que tenha sido igual ou parecida ao restante da turnê. Uma menção especial foi feita por Elvis a John Wilkinson, nascido em Springfield. Com a jumpsuit Mexican Sundial, Elvis foi assistido por nove mil pessoas.


18 DE JUNHO DE 1977 - KANSAS CITY, MISSOURI

Elvis em Kansas City, Missouri; 18 de junho de 1977
Nos anos 1970, Elvis havia se apresentado em Kansas City apenas quatro vezes antes desta, todas com espaço de tempo de 1 e meio a dois anos. Era natural que aquela fosse uma das maiores plateias do ano, e foi - 17 mil pessoas viram um Elvis aparentemente se sentindo bem com sua jumpsuit secundária daquele ano, a 1974 Arabian.

Apesar da voz um tanto arrastada, Elvis soou bastante forte em seu primeiro "Oh, see! See, see, rider". O público estava realmente eu fórico com a presença do Rei do Rock e ajudava a aumentar seu ânimo durante a primeira canção. Falando, entre uma canção e outra, notava-se mais os efeitos dos remédios que tomava em seu discurso, mas não era nada que o tornasse ininteligível como fora em ocasiões de alguns meses antes.

"I Got a Woman/Amen" soou um pouco mais fraca, mas era comum à época. A voz de Elvis somente atingiria seu pico na segunda metade da apresentação em todos os shows daquele ano. Sua rotina do "striptease" levou os fãs ao delírio, apesar da demora em continuar com o programa (I Got a Woman/Amen foi estendida para incríveis 8 minutos e meio, quando deveria tomar apenas 5 ou 6). Na sequência, Elvis apresentou uma versão bastante boa de "That's All Right" e cantou "Blue Christmas" e "Big Boss Man" pela última vez.

É muito provável que a RCA estivesse gravando essa apresentação pelo fato de que Elvis canta algumas raridades como as citadas acima. A versão de "My Way", com um verso falado, também foi um dos pontos altos. Assim como com alguns shows de fevereiro, março e maio, a gravadora bem podia estar trabalhando junto a Felton Jarvis para capturar momentos de magníficas rendições para, pelo menos, o LP Elvis In Concert; porém, não há confirmação da existência de um soundboard, mesmo que parcial, do evento daquela noite.

A apresentação da banda e orquestra toma 20 minutos do show, outra parte longa do show. Como de costume, a persona de palco de Elvis já estava acordada nesta parte. "Hurt" e "Hound Dog" arrancam aplausos efusivos da plateia, com Elvis bastante entusiasmado. Mas o show está no fim e só resta "Can't Help Falling In Love" para fechar o set, a qual ele executa com maestria e até mesmo atinge uma nota bastante alta no fim. Elvis vai e volta no palco, parecendo não querer ir embora, e os fãs vão à loucura. Assim se encerrava a última visita do Rei do Rock a Kansas City.



19 DE JUNHO DE 1977 - OMAHA, NEBRASKA

Elvis em Omaha, Nebraska; 19 de junho de 1977
(©Sean Shaver)
Sem sombra de dúvidas este é o show mais lembrado dos três desta postagem. Não somente porque é o que está registrado em vídeo pela CBS-TV e em soundboard pela RCA, mas porque é, por estes mesmos motivos, o que mais mostra como Elvis precisava de ajuda naquele momento.

Com tantos problemas na cabeça, como a chegada às lojas do temido livro dos West em pouco mais de um mês, era visível que o Rei precisava de um descanso dos palcos e da correria; sem perder sua majestade, Elvis colocava os fãs em primeiro lugar, quando se tratava de sua vida pessoal ou saúde, o que muitas vezes, como neste período, era prejudicial a ele.

Mas Omaha foi, de longe, o melhor show depois dos de 20 e 21 de fevereiro de 1977. Sim, Elvis estava visivelmente cansado e um tanto perdido de início, mas sua voz novamente não o deixou desamparado.

Acompanhe abaixo a resenha detalhada da apresentação.









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RESENHA: OMAHA, NEBRASKA, 19 DE JUNHO DE 1977
(THE ULTIMATE CBS SPECIALS - CD 1, 2013)

Título:
The Ultimate CBS Specials - Omaha, NE - June 19, 1977
Selo:
MadCow
Formato:
CD duplo
Número de faixas:
28
Duração:
72:00
Tipo de álbum:
Disco comum
Vinculado a:
Discografia extra
Ano:
2013
Gravação:
19 de junho de 1977
Lançamento:
2013
Singles:
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1. Also Sprach Zarathustra - Quando a banda TCB e a orquestra de Joe Guercio começam a tocar a fanfarra característica do início dos shows, a plateia se eletrifica. Os primeiros acordes da introdução trazem gritos e aplausos efusivos.

2. See See Rider - A plateia se levanta, grita e aplaude quando Elvis põe os pés no palco. Fazendo uma cara de "o que estão todos fazendo aqui?", ele se mostra bem humorado. O Rei do Rock caminha de um lado ao outro do palco, posa para fotos e cumprimenta todos os seus colegas antes de se dirigir ao microfone. A voz de Elvis está forte, mas o sistema de som não ajuda (um problema que persistirá por toda a apresentação). De início nota-se que o mix está errado, com a voz de Elvis baixa, a de Charlie Hodge alta demais (alguns brincam que o show era de Charlie com Elvis cantando a harmonia) e a banda e backing vocals sufocados. É perceptível que o Rei não está nos seus melhores dias; se estivesse, teria parado o show e recomeçado, como faria em Rapid City, ao primeiro sinal de erro. Mas sua voz é infalível durante toda a execução.

3. I Got a Woman / Amen - O primeiro "weeeelll..." de Elvis traz gritos enlouquecidos, mostrando que mesmo em meio a todos os problemas seu poder e presença ainda eram grandes. A canção transcorre bem, com Elvis fazendo algumas notas de baixo no decorrer. Durante seu diálogo usual no fim da canção, ele explica à plateia que está usando maquiagem e que aquilo não é comum em seus shows. Um rápido "striptease" leva aos dive bombs de JD e ao fim da rendição. Novamente, a voz de Charlie atrapalha um pouco a harmonia. Um fã grita "vire-se!" (o concerto foi dado em uma arena com plateia por todos os lados) e Elvis atende ao pedido, brincando: "É Deus me chamando? Sim, filho!" (uma espécie de previsão sombria, se pararmos para pensar).

4. That's All Right - "Eu gostaria de apresentar a primeira música que gravei... That's All Right Mama... Tudo que tínhamos eram um baixo, uma guitarra e um violão... Eu só sei três acordes... Sem bateria nem nada." Uma fã grita "Elvis!", ao que o Rei do Rock, mostrando estar ligado ao que acontece ao redor e pensando rápido, responde imediatamente "querida, eu disse para esperar até depois do show..." Elvis dá o seu melhor e felizmente Charlie Hodge não está cantando por precisar segurar o microfone para o cantor, mas o mix continua errado e o violão de Elvis é ouvido muito á frente dos outros instrumentos.

5. Are You Lonesome Tonight - Entre uma música e a outra, um ruído elétrico chama a atenção de Elvis. Talvez por isso ele se atrapalha durante o primeiro verso e recomeça a canção. Claro, a cena do "casal gay" entre Elvis e Charlie durante o verso falado traz risos da plateia. Em geral, rendição é boa, mas não tanto quanto a de Rapid City. Mais um diálogo com o público se segue e Elvis pergunta se o áudio está bom na parte traseira da arena (a resposta dos fãs é mista) antes de avisar que estão sendo filmados e devem ter cuidado com as câmeras.

6. Love Me - Em um especial de televisão como seria o In Concert, a canção não podia faltar. Ela era um dos pontos altos de suas apresentações desde 1969 e o primeiro momento em que Elvis entrava em contato direto com o público e entregava lenços. Antes de iniciar, o cantor brinca com Sherrill Nielsen, perguntando por que a jumpsuit dele era mais bonita do que a do artista principal. A versão é rápida (com a voz de Charlie atrapalhando de novo) e leva a platéia à loucura. Depois da rendição, Elvis explica ao público que estão tendo dificuldades técnicas com o som antes de continuar sua apresentação.

7. Fairytale - "Esta próxima canção é a história da minha vida, se chama Fairytale", Elvis introduz. Não há muito diálogo entre uma canção e outra, provavelmente porque a filmagem custava caro, e o Rei do Rock parece estar se divertindo em cantar algumas músicas de sua preferência e/ou com a ideia de voltar a um meio mais abrangente como a TV. O som do local não ajuda, mas Elvis consegue atingir notas bastante altas e se superar.

8. Little Sister - "Eu gostaria de fazer um medley das minhas canções... começando com Little Sister". É o suficiente para aquela explicação, e Elvis já entra na música com entusiasmo. É aqui, aos 30 minutos de show, que ele começa a tentar os primeiros passos mais elaborados e a lembrar a plateia de quem era.

9. Teddy Bear / Don't Be Cruel - O clássico medley começa sem introduções e quase grudado ao fim da música anterior. Elvis se diverte ao entregar lenços para uma parte mais afastada da plateia, vendo as mulheres enlouquecendo e tentando agarrar umas às outras para conseguir o souvenir. Uma fã quase cai de uma barra de proteção e Elvis diz "cuidado". Na transição entre "Teddy Bear" e "Don't Be Cruel" ele olha para Charlie e sorri, como se não acreditasse no que via.

10. And I Love You So - "Esta próxima canção é uma que colocamos em um 'álblum'... 'Álblum'? Se chama And I Love You So." É difícil não pensar que Elvis remetia seu pensamento naquele momento para março de 1975, quando estava muito bem em sua relação com Sheila Ryan e oferecera a música a ela durante a gravação. A rendição é perfeita para o período e Elvis até mesmo inclui algumas notas baixas em seu canto.

11. Jailhouse Rock - "Meu terceiro filme foi Jailhouse Rock" é a única introdução. A canção arranca aplausos efusivos da plateia e anima Elvis a dar uns passos mais ousados.

12. How Great Thou Art - Sem dúvida a melhor rendição da noite, ela é recebida com respeito pelos fãs. É incrível ver Elvis ganhar vida através desta canção Gospel que era uma de sua preferidas. Todos os seus problemas parecem estar longe naquele momento, sua voz, alma e corpo dedicados ao canto religioso em uníssono. Por várias vezes Elvis atinge seu alcance vocal total de 3 oitavas, principalmente no final triplo da canção. Tanto a plateia quanto a banda, orquestra e backing vocals vibra, com a execução perfeita.

13. Introduções - Aproveitando para descansar a voz por algum tempo, Elvis apresenta as Sweet Inspirations, JD Sumner, The Stamps (de forma individual), Kathy Westmoreland e Sherrill Nielsen.

14. Early Morning Rain - O solo de John Wilkinson (guitarra rítmica) traz Elvis cantando uma das músicas mais preferidas de seu especial no Havaí em 1973.

15. What'd I Say / Johnny B. Goode - James Burton faz seu solo de guitarra com Elvis cantando partes da primeira canção. Na sequência, ele mostra suas habilidades tocando a guitarra colocada atrás de sua cabeça. Elvis canta durante esta que é outra de suas preferidas.

16. Ronnie Tut / Jerry Scheff - O solo de bateria é bastante comemorado por Elvis, que acompanha com algumas notas de baixo, e pela plateia. Scheff faz seu clássico Blues, também muito bem recebido pelo cantor e acompanhado de notas de baixo.

17. I Really Don't Want to Know - Tony Brown faz um pequeno solo uptempo (Elvis novamente faz notas de baixo). Em seguida, acompanha o Rei do Rock na canção gravada em 1970 para o disco Elvis Country.

18. Bob Ogdin / Charlie Hodge / Joe Guercio - Finalizando as introduções, Elvis apresenta o solo de piano elétrico de Ogdin, seu fiel escudeiro Charlie Hodge e Joe Guercio com sua orquestra, que faz um breve solo.

19. Hurt - "Uma das nossas gravações mais recentes se chama Hurt", Elvis anuncia. Uma das canções mais emocionantes do período, a plateia ouve em silêncio. Elvis estava preocupado de início, comentando que achava que não ia conseguir alcançar as notas certas e sendo incentivado por Charlie e as Sweet Inspirations, mas no final as suas 3 oitavas não falham e surpreendem a ele mesmo.

20. Hound Dog -  A voz de Elvis começa a soar cansada, talvez pelo esforço com a canção anterior, mas ele ainda dá um bom show. A plateia vibra enquanto o Rei do Rock faz alguns de seus famosos movimentos pélvicos.

21. O Sole Mio / It's Now or Never - Sherrill Nielsen usa seu conhecimento vocal em seu solo com a versão italiana, com Elvis chamando-o de "smartalec" como de costume. Pode parecer tarde para uma canção que exige muito vocalmente, principalmente depois que "Hound Dog" foi um tanto fraca, mas seu poder retorna de forma tão magnífica quanto a rendição do clássico se mostraria.

22. Can't Help Falling In Love / Closing Vamp -  "Obrigado, senhoras e senhores. Eu gostaria de dizer algumas coisas, se puder... Estamos trabalhando sob circunstâncias difíceis e tudo mais, mas vocês têm sido uma plateia incrível e têm nos ajudado, e todos no palco trabalharam duro... Nós gostamos. Sempre que nos quiserem de volta, nos chamem que voltaremos a qualquer hora." Depois de agradecer alguns membros de sua entourage técnica, Elvis novamente avisa que o show vai estar na TV em breve. "Até nos encontrarmos novamente, que deus os abençoe. Adios.", o Rei do Rock se despede. Elvis distribui mais alguns lenços durante a última canção do show. O público aplaude e grita loucamente durante a fanfarra de encerramento, querendo capturar no mínimo um aceno de Elvis antes que ele parta para os bastidores e a incerteza sobre quando ele voltará a Omaha tome os fãs.


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LEIA TAMBÉM:

- Elvis In Concert - Parte 2: 20, 21 e 22 de junho de 1977 (clique aqui)
- Elvis In Concert - Parte 3: 23, 24 e 25 de junho de 1977 (clique aqui)
- Elvis In Concert - Parte 4: Adios - 26 de junho de 1977 (clique aqui)
- Elvis In Concert - Parte 5: Elvis In Concert (clique aqui)

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