Título brasileiro: Elvis - '68 Comeback Special
Gravação:
20 a 30 de junho de 1968
Lançamento:
3 de dezembro de 1968
Duração:
90min
Produtora:
NBC-TV
Orçamento:
US$ 1 milhões
Arrecadação:
---
Elenco principal:
Elvis Presley
Trilha sonora:
"If I Can Dream" (single)
[b/w "Edge of Reality"]
(5 de novembro de 1968)
[b/w "Edge of Reality"]
(5 de novembro de 1968)
"Elvis (NBC-TV Special)" (LP)
(22 de novembro de 1968)
"Charro!" (single)
[b/w "Memories"]
(25 de fevereiro de 1969)
"The Complete '68 Comeback Special - 40th Anniversary" (CD)
(4 de agosto de 2008)
(22 de novembro de 1968)
"Charro!" (single)
[b/w "Memories"]
(25 de fevereiro de 1969)
"The Complete '68 Comeback Special - 40th Anniversary" (CD)
(4 de agosto de 2008)
"Elvis (NBC-TV Special)" (CD)
(FTD, março de 2016)
"'68 Comeback Special - 50th Anniversary Edition" (CD)
(30 de novembro de 2018)
(FTD, março de 2016)
"'68 Comeback Special - 50th Anniversary Edition" (CD)
(30 de novembro de 2018)
(15 de fevereiro de 2019)
ELVIS, também conhecido como ELVIS - NBC-TV Special ou '68 Comeback Special, é o primeiro especial televisivo do cantor e foi ao ar na televisão norte-americana no dia 3 de dezembro de 1968, marcando oficialmente o retorno de Elvis Presley aos palcos, no ano seguinte, depois de 13 anos fazendo filmes questionáveis em Hollywood.
Dirigido e produzido por Steve Binder, o musical teve uma duração longa para os programas da época, se estendendo por 90 minutos em um momento em que mesmo as séries de maior sucesso tinham apenas 45 minutos, e atraiu uma platéia de mais de 200 milhões de pessoas. A apresentação informal de Elvis frente a uma pequena platéia é considerada uma precursora do conceito "unplugged", mais tarde popularizado pela MTV.
IDEIA E CONCEITO
Apesar do grande sucesso tanto em sua carreira musical quanto no cinema no final dos anos 1950 até meados de 1960, Elvis viu esse status diminuir de forma constante nos anos que antecederam 1968. A cena musical tinha mudado drasticamente desde seu último single #1 em 1962, e Presley estava ameaçado por bandas como The Beatles e a invasão britânica em geral, que estava dominando o final da década com o "iê iê iê".
Em parte devido aos scripts repetitivos e canção risíveis, e em parte devido ao sentimento geral de que ele já não era "legal", os filmes de Presley tinham vindo a fazer menos dinheiro em cada lançamento e o cantor estava cansado de Hollywood. Com isso, o Coronel Parker encontrava obstáculos cada vez mais difíceis de ultrapassar para garantir o habitual cachê de US$ 1.000.000 por filme, e não tinha alternativa a não ser fazer uma abordagem diferente. Ele então negociou um acordo com a NBC e a fabricante de máquinas de costura Singer para financiar um especial de televisão, um LP (Elvis Sings Flaming Star, 1968/69) e um filme ("Change of Habit", de 1969), pelos quais Elvis receberia um montante de US$ 1.250.000.
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Elvis durante conferência de imprensa para o '68 Comeback Special. FONTE: Getty Images/NBC. |
Parker queria que o show, que seria transmitido na época do Natal, não tivesse mais do que Presley cantando músicas natalinas; ele acreditava que o especial poderia ser simplesmente uma versão de televisão do programa de rádio de Natal com o qual Elvis havia contribuído no ano anterior. Para desviá-lo da ideia, Binder argumentou que o especial era uma oportunidade para restabelecer a reputação do cantor após anos de filmes medíocres e gravações de qualidade variável, e que tudo deveria ser feito para retirá-lo de perto dessa imagem. Ele então contratou roteiristas especializados em shows com temas específicos: grandes cenários, sequências de dança e exposição total do artista principal. No entanto, a ideia foi aberta a quaisquer variações que ajudassem a mostrar os talentos do cantor, e Presley estava aparentemente muito feliz com esta abordagem flexível.
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Elvis e Steve Binder (à sua esquerda) durante a gravação da sequência "Trouble/Guitar Man". FONTE: Getty Images/NBC. |
O final do especial contou com Elvis apelando para a paz mundial e a tolerância racial com a canção "If I Can Dream", que tornou-se um de seus maiores sucessos. Um dos maiores sucessos da época, "A Little Less Conversation", gravada em 7 de março de 1968 e ouvida no filme "Live a Little, Love a Little", chegou a ser regravada para os créditos finais do programa, mas acabou não sendo usada e substituída por uma também regravação de "Let Yourself Go" apenas instrumental.
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Carta enviada ao Coronel por Steve Binder, requisitando o Master de "A Little Less Conversation" e uma versão sem a voz de Elvis para serem usadas no programa |
GRAVAÇÕES E MONTAGEM
As gravações de estúdio das músicas para estes segmentos com grandes cenários foram feitas no Western Recorders Studio 1 em Hollywood, Califórnia, entre 20 e 23 de junho de 1968, com retoques em 27, 28 e 30 daquele mês, e contou com uma orquestra, o grupo The Blossoms como backing vocals e os experientes músicos de estúdio, que já haviam trabalhado com Elvis em discos como "How Great Thou Art", em 1967, Hal Blaine, Don Randi, Tommy Tedesco, Larry Knechtel, Tommy Morgan e outros - membros do famoso The Wrecking Crew.
Elvis fez as filmagens de suas sequências neste mesmo período nos estúdios da NBC em Burbank, Califórnia. O ambiente bastante descontraído possibilitou a Elvis ficar um pouco mais à vontade do que nas gravações de seus filmes e trouxe à tona seu lado mais brincalhão. Entre um take e outro, o cantor se descontraía com seus amigos, novos e antigos, conversava com as integrantes do The Blossoms e tentava escapar dos olhares e avanços das dançarinas das esquetes, mas sem deixar de desfrutar de toda a atenção e mesmo responder a alguns incentivos nada implícitos.
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Elvis no palco do Studio 4 da NBC, o mesmo onde os Beatles se apresentaram em 1963 |
Foi logo depois das gravações no Western Recorders que Binder teve sua mais genial idéia: colocar Elvis e seus amigos em um palco rodeado por uma seleta platéia, para a qual ele contaria algumas histórias de sua carreira e cantaria seu maiores sucessos. Presley ficou muito apreensivo com a idéia de se apresentar ao vivo, uma vez que seu último show havia sido feito na Bloch Arena em Pearl Harbor, Havaí, em 25 de março de 1961.
Binder ofereceu grande apoio e confiança ao cantor para evitar que ele rejeitasse quaisquer segmentos ao vivo. Percebendo que algumas músicas já gravadas precisariam ser cortadas para que o tempo limite do programa não fosse ultrapassado, o diretor usou a sessão informal para capturar a sensação de interferência enquanto Elvis tocava e conversava com os membros sobreviventes de sua banda original - Scotty Moore e D. J. Fontana (o baixista Bill Black havia morrido em 1965). Ele também trouxe os amigos pessoais de Presley Alan Fortas, Lance Legault e Charlie Hodge para fazê-lo se sentir à vontade.
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Elvis e amigos. Da esquerda (de Elvis) para a direita: Scotty Moore, DJ Fontana, Alan Fortas, Charlie Hodge e Lance Legault. FONTE: Getty Images/NBC. |
Dois ensaios informais foram gravados, cada um com cerca de duas horas de duração; o primeiro em 24 de junho e o segundo no dia 25. Ambos ocorreram no camarim de Elvis e foram capturados em fita por Joe Esposito, usando o próprio gravador do cantor. Muitas canções foram ensaiadas, incluindo "Danny Boy", "Blue Moon" e "This Is My Desire", além de "I Got A Woman", mas o repertório final foi decidido pouco antes da gravação oficial.
Ainda desgostoso com todas aquelas decisões importantes sendo tomadas sem sua supervisão, Parker quis mostrar a Elvis que o programa, se não fosse feito da forma que ele imaginara, seria um fracasso. O Coronel então se prontificou a fazer a distribuição dos ingressos das apresentações para os revendedores, mas seu plano era mais maquiavélico. No dia 27 de junho de 1968, quando as primeiras gravações com plateia aconteceriam, nenhuma pessoa apareceu; Binder, incrédulo de que ninguém mais se interessava por Elvis, acabou descobrindo por um segurança da portaria da NBC qual fora o destino dos ingressos: "Um homem velho de terno, fumando um charuto e meio careca, deixou vários pacotes de ingressos na minha cabine há alguns dias", disse o funcionário.
Não havia dúvidas de que o Coronel quisera sabotar seu protegido para minar sua confiança e fazê-lo retornar para o abrigo de seus conselhos. Sem saída, Binder atravessou a rua do estúdio e entrou na lanchonete Bob's Big Boy: "Quem gostaria de ver Elvis Presley se apresentar de graça?", perguntou em voz alta. Em minutos o estúdio estava cheio.
Posteriormente, às 18h do dia 27 de junho, Elvis subiu ao palco pela primeira vez em mais de sete anos, resultando em duas sessões de meia hora cada, gravadas nos estúdios da NBC Burbank. Vestido em couro preto, Presley se sentou e tocou com os companheiros de banda em dois destes shows, cada um com uma platéia diferente e com intervalo de uma hora entre eles (tempo suficiente para Presley tomar banho e ter seu equipamento limpo a seco para retirar resquícios de suor). Outros dois, também de meia hora cada, gravados às 20h de 29 de junho, trouxeram o cantor de pé frente a uma platéia e colocando sua voz em um mix pré-gravado com diversas canções, além de cantar ao vivo alguns de seus sucessos. Estas quatro sessões são muitas vezes referidas coletivamente como "The Burbank Sessions", nome vindo não apenas do local, mas dos títulos de dois LPs bootleg.
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Elvis se apresenta ao vivo pela primeira vez desde 1961; Burbank, Califórnia, 27 de junho de 1968. FONTE: scottymoore.net |
Porém, apenas ínfimas partes dessas apresentações foram incluídas no especial televisivo. Presley e seus amigos tocaram e cantaram, interpondo histórias pessoais, de suas músicas e performances iniciais; o grupo também falou da educação religiosa de Elvis e fez referência aos principais grupos da época, como The Byrds e The Beatles, observando como as coisas tinham melhorado não apenas na esfera das gravações, mas também no padrão dos músicos e engenharia de som. Em meio a hits como "That's All Right", "Heartbreak Hotel", "One Night" e "Are You Lonesome Tonight?", Elvis também tocou sucessos do momento, mostrando-se extremamente feliz com seu retorno aos palcos. "Love Me Tender" foi abertamente oferecida a sua esposa, Priscilla, que se encontrava na platéia de todas as apresentações.
TRANSMISSÃO E LEGADO
A transmissão editada de 3 de dezembro de 1968, combinando os números coreografados e algumas das sessões informais ao vivo, foi um enorme sucesso e tornou-se o especial de televisão de maior audiência do ano. De acordo com Binder, ele foi provavelmente o primeiro especial de TV de um homem só a aparecer na televisão americana.
Duas versões foram inicialmente exibidas pela NBC. A primeira incluía Elvis cantando "Blue Christmas", a única música sazonal que Binder concordou em usar. Quando o especial foi retransmitido no verão seguinte, ela foi substituída por uma performance de "Tiger Man". Eventualmente, todas as canções foram lançadas em trabalhos oficiais e bootlegs através dos anos.
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Still promocional usado para propagandas impressas sobre o especial |
O '68 Comeback Special tem um legado histórico, sendo amplamente creditado como o criador da revitalização da carreira de Elvis. Após o especial, o cantor apareceu em mais três filmes bem recebidos pelo público ("Charro!", "Lindas Encrencas - As Garotas" e "Ele e as Três Noviças", todos de 1969) e começou sua temporada em Las Vegas com uma série de performances sell-out que bateram recordes em toda a América.
O show continua atual e é sempre lembrado por diversos artistas. Em 2002, "A Little Less Conversation", presente originalmente no filme "Viva Um Pouquinho, Ame Um Pouquinho", de 1968, e regravada por Elvis para o especial, ganhou uma versão remixada por Junkie XL, que deu ao Rei do Rock seu segundo hit #1 póstumo. A seqüência de abertura "Trouble/Guitar Man" foi posteriormente copiada ou homenageada por vários artistas, como Robbie Williams, Falco e Texas.
Em 2007 e 2008, dois duetos virtuais foram inspirados por performances de Presley no show; um no reality show American Idol, onde Céline Dion cantou "If I Can Dream" junto a um holograma do Rei do Rock, e outro com Martina McBride sendo digitalmente inserida na performance de "Blue Christmas" vista no especial.
TRILHA SONORA
O LP da trilha sonora em si, "Elvis (NBC TV Special)", foi lançado em 22 de novembro de 1968 e continha a maioria das músicas que seriam ouvidas na transmissão televisiva do mês seguinte. O álbum foi um sucesso de vendas, alcançando o 8º lugar da Billboard Hot 200 e atingindo a certificação Ouro em 22 de julho de 1969 e Platina em 15 de julho de 1999.
Uma nova edição com faixas adicionais foi lançada em CD em 1991. Em 1998, o 30º aniversário do especial foi comemorado com um CD duplo que trazia, além da versão reeditada de 1991, extras dos ensaios de 24 e 25 de junho de 1968 e highlights dos shows de 27 e 29 de junho daquele ano. As gravações completas só vieram a público em 2008, quando a Sony Legacy lançou um box com quatro CDs e um livreto cobrindo todo o especial. Uma reedição da FTD chegou ao mercado em 2016, mas não ofereceu muitas novidades.
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