EAP Index Brasil: Like a Black Tornado (CD - MRS, 2022)

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Like a Black Tornado (CD - MRS, 2022)

Título:
Like a Black Tornado
Selo:
Memphis Recording Service [MRS10011071]
Formato:
CD
Número de faixas:
23
Duração:
58:30
Tipo de álbum:
Concerto
Vinculado a:
Discografia não-oficial
Ano:
2022
Gravação:
10 de novembro de 1971
Lançamento:
2022
Singles:
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Like a Black Tornado é um lançamento da Memphis Recording Service (MRS). Ele cobre o show de 10 de novembro de 1971 em BostonMassachusetts.


1971 começou com bons sinais para Elvis, embora houvesse dúvidas no ar. Em 8 de janeiro, o lançamento de "Elvis Country" dominou as lojas e as paradas enquanto ele completava 36 anos e aproveitava suas últimas três semanas de férias antes de retornar aos palcos no dia 26 em Las Vegas. A temporada terminou em 23 de fevereiro e foi fantástica, trazendo muitas músicas novas para seu repertório, mas, em compensação, seu entusiasmo era claramente menor do que no ano anterior. Além disso, ele só retornaria aos palcos em julho, em sua primeira temporada em Lake Tahoe.

O fim da primeira metade de 1971, no entanto, seria de pouco movimento. Elvis iria ao RCA Studio B em Nashville em 15 de março e depois ficaria de molho por exatos 2 meses, retornando ao estúdio quase que forçado para terminar a segunda perna de sua Maratona de Nashville, que iniciara em junho de 1970. Fatos de sua vida pessoal, como as constantes brigas com Priscilla, também o incomodavam. Tudo conspirava para que o entusiasmo retomado em 1969 fosse lentamente se esvaindo.

Em meio a isso, Felton Javis tinha a incumbência de fazer com que Elvis tirasse vontade de qualquer lugar para gravar um LP natalino para o final daquele ano. Para ajudar a criar uma ambientação, a RCA até mesmo autorizou que o Studio B fosse decorado com motivos natalinos, incluindo uma árvore gigantesca, em pleno maio de 1971. Todos usavam gorros de Papai Noel e se mostravam dentro do espírito festivo, mas isso já não era suficiente para animar Elvis. Faltava alguma coisa, uma centelha que estava ali naquele mesmo estúdio em junho de 1970 e agora parecia ter se apagado. Em junho, ele terminou suas últimas gravações de estúdio naquele ano.

A temporada de julho em Lake Tahoe trouxe alguma melhora no humor de Elvis e vários shows excelentes, apesar de seus problemas com os olhos - o glaucoma já começava a incomodar -, mas não o suficiente para que ele esquecesse que ainda estava no meio do deserto de Nevada e perto do local que já se tornava um incômodo. Esse sentimento de insatisfação com Las Vegas continuou na temporada de agosto/setembro, que foi ainda menos entusiasmada do que a de janeiro/fevereiro. O ano que começara com um tom de otimismo terminava sem sessões de gravação e sem muitos shows realizados.

Novembro de 1971 provaria que o problema de Elvis era a rotina das gravações de estúdio e as repetidas apresentações de Las Vegas. Enquanto os melhores shows da era pós-1969, sem dúvida, ocorreram nos verões daquele ano e de 1970, este show de novembro de 1971 se destaca entre os outros. Para este período, ele representa a primeira gravação já lançada oficialmente de Elvis na estrada - em vez de em um showroom de Las Vegas. Também serve para preencher a lacuna entre suas gravações ao vivo de 1970 e 1972.

Embora este show apenas anteceda sua primeira temporada de 1972 em Las Vegas em três meses, a diferença às vezes é impressionante. Neste final de 1971, Elvis ainda tem um pouco do fogo de 1969 e 1970 nele, em oposição às performances moderadas do início de 1972. Ele interage com a multidão e aparentemente ainda se diverte, enquanto no início do ano seguinte o cantor parece fazer pouco de ambos.

Se pudermos comparar, Boston muitas vezes parece uma mistura de shows de agosto de 1970 para o "That's the Way it is" e os de junho de 1972 no Madison Square Garden.

Abaixo segue nossa resenha deste CD.
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- 1. Also Sprach Zarathustra: O show inicia já com a fanfarra de costume. Por ser uma fita mono antiga e não uma multi-track, a clareza do áudio é impressionante.

- 2. That's All Right: Um começo poderoso com o som da plateia captado pelos microfones, dando a você a emoção de estar em uma multidão de 15.500 pessoas que às vezes os soundboards não conseguem capturar. Elvis está em grande forma.

- 3. I Got a Woman / Amen: Elvis parte sem paradas para a rendição, fazendo com que a banda se perca no andamento. Ele então diz: "Não me digam para esperar um minuto!" Ele está pegando fogo e quer continuar assim! Você pode ouvir como o cantor está realmente absorvendo a banda e os backing vocals enquanto a música toca.

- 4. Proud Mary: Sem dar tempo para que a banda esfrie, Elvis entra na música. A rendição é muito melhor até mesmo do que as lançadas com som remasterizado em outros trabalhos.

- 5. You Don't Have to Say You Love Me: O cantor esbanja energia durante a rendição, apesar de deixar de cantar uma ou duas linhas para atender fãs.

- 6. You've Lost That Lovin' Feelin': O andamento acelerado deste show é fantástico. Com um áudio que privilegia a orquestra e dá bastante presença aos backing vocals, esta é uma versão sensacional de uma música que andava sem brilho há algum tempo. Elvis chama a atenção do maestro Joe Guercio logo no início para que ele cuide seus músicos. Embora seja uma rendição que pode dar inveja em muitas outras, o cantor se distrai e esquece a letra enquanto atende seus fãs.

- 7. Polk Salad Annie: Elvis está muito bem humorado aqui. Ele brinca com a letra e tenta atrapalhar o andamento da banda com sua imitação de um pastor sulista. O cantor faz um ótimo trabalho nesta versão excepcional e a usa habilmente para levar a multidão ao frenesi. Jerry Scheff toca o baixo, Ronnie Tutt dirige a bateria, os metais são nítidos e claros e a multidão bate palmas junto com os backing vocals.

- 8. Coming Home Baby #1: Elvis deixa a banda tocando sozinha o tema das introduções enquanto interage com fãs e recupera o fôlego.

- 9. Love Me: Esta é uma excelente versão, bem mais séria que de costume. As fãs ficam ensandecidas.

- 10. Heartbreak Hotel: A plateia fica tão eufórica com o início deste clássico que a banda para e o recomeça. Elvis ri como se não acreditasse naquela empolgação gerada por uma música que já era tão batida. Ele brinca do início ao fim.

- 11. Blue Suede Shoes: Aparentemente, pelo áudio e por suas risadas, Elvis está dançando como nos anos 1950 enquanto rende este hit.

- 12. One Night: Raríssima em 1971, sendo esta a segunda e última interpretação ao vivo naquele ano, tem um gostoso ritmo de blues e leva a plateia à loucura. Quando Elvis canta "just call my name", as fãs gritam de volta: "Elvis!"

- 13. Hound Dog: A versão aqui tem o mesmo tratamento que seria comum a 1972, iniciando devagar e explodindo em um rock feroz. A diferença, para melhor, é que ela é executada em um tempo mais rápido e com muito mais energia.

- 14. How Great Thou Art (Incomplete): "Gostaria de fazer uma música Gospel com a participação de JD Sumner e os Stamps, chamada 'How Great Thou Art'." Esta versão deliciosa só decepciona por ter um fade na marca de 2 minutos e acabar ali. A fita usada, uma C-60, chegou apo seu final e teve de ser virada nesse momento.

- 15. Introductions (Partial): O início das introduções também não foi gravado pelo motivo explicado acima. Aqui começamos a ouvir quando Elvis apresenta Kathy Westmoreland, James Burton, Ronnie Tutt,Jerry Scheff, Glen Hardin, John Wilkinson, Charlie Hodge, Joe Guercio e a orquestra da cidade. Tudo indica que ele tenha feito as usuais introduções das Sweet Inspirations, JD Sumner e os Stamps no início.

- 16. I'm Leavin': "Acabei de lançar uma gravação chamada 'I'm Leavin' (estou indo embora) - Não vou cantá-la, vou embora mesmo!" Esta é uma música tão boa - quase Top 20 no Reino Unido - que é sempre bom ouvi-la em concerto, mesmo que esta definitivamente não seja a melhor versão ao vivo. Esta rendição é notável por ser a última vez que Elvis a cantou até trazê-la de volta ao setlist em fevereiro de 1973. A música era obviamente uma de suas favoritas, pois ele a continuaria cantando até dezembro de 1975.

- 17. Bridge Over Troubled Water: Elvis está mais apaixonado do que nunca nesta rendição, dominando o vasto auditório. A multidão grita em agradecimento e Elvis deve ter sentido isso também, já que faz uma rara e adorável reprise. Ele soa ainda mais absorvido na letra enquanto canta. É um momento mágico e poderoso no show e faz você realmente querer ter estado lá nesta magnificência de Boston.

- 18. I Can't Stop Loving You: Ainda mais extraordinário é como, sem respirar, Elvis mantém o nível de energia alto, indo direto para a próxima música. A rendição agrada à plateia, mas não tem o mesmo brilho de 1970, o que não é nenhum problema.

- 19. Love Me Tender: Elvis faz uma rendição padrão, mas com um pouco mais de concentração do que de costume. Ele ainda beija e dá lenços às fãs, além de fazer seus trocadilhos sexuais com a letra.

- 20. Suspicious Minds: Aqui Elvis brinca mais com a multidão e perde a concentração, cantando: "Para onde foi minha mente?" Depois de um pouco de golpes de karatê, Elvis está de joelhos e implorando para a multidão: "Espero que essas calças não rasguem. Senhor, tenha piedade!" A resposta da plateia evidencia que esta ainda era uma showstopper.

- 21. Coming Home Baby #2: "Obrigado. Gostaria de acender as luzes da casa, senhoras e senhores, e dar uma olhada em vocês, ok?" Após alguns segundos, ele diz: "Vocês são lindos, muito obrigado. Espero que tenham gostado de nosso show, amigos."

- 22. Funny How Time Slips Away: Uma ótima versão calma e em ritmo de blues se segue. Quando Elvis canta "gotta go now" (tenho que ir agora), as fãs gritam histericamente: "Não!"

- 23. Can't Help Falling in Love: Elvis está indo embora e é incrível pensar em como ele conseguiu criar um show tão impactante e maravilhoso em apenas uma hora. A fanfarra avisa do fim do show, mas a instrumentação diferente faz até mesmo dela um espetáculo. No fim, ouvimos a famosa frase: "Elvis já deixou o recinto."

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