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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Moody Blue: Os Últimos Dias de Elvis

Depois do excelente show de virada de ano em Pittsburgh, Philadelphia,
Elvis voou na madrugada de 1 de janeiro de 1977 diretamente para Graceland para descansar até a chegada de seus primeiros compromissos naquele ano.

Mas a verdade, como todos sabemos, é que o Rei do Rock já não sentia mais prazer em se apresentar e gravar canções. Ele estava farto do mesmo repertório havia pelo menos três anos e já temia a chegada das longas e inócuas temporadas em Las Vegas. Além disso, ele percebera que muitas das pessoas que considerava como amigas eram apenas sanguessugas em busca de uma vida sem preocupações - contanto que Elvis Presley conseguisse entrar no palco, eles estavam feitos.

O biênio 1975 / 1976 não havia sido um período de muitas felicidades. Elvis fora internado em fevereiro de 1975 devido a uma overdose de medicamentos e problemas intestinais, sendo acompanhado alguns dias depois por seu pai que tivera um infarto. Isso atrasou ainda mais seus contratos com a RCA, que teve de forçá-lo a gravar pelo menos um disco inteiro naquele ano - o que Elvis fez entre os dias 10 e 12 de março, gerando o LP Today.

A temporada de março de 1975 em Las Vegas e as turnês de abril a julho foram de certa forma produtivas, embora Elvis demonstrasse um já típico desinteresse pelo material que era obrigado a cantar. As únicas coisas que o deixavam mais ou menos empolgado eram as novas músicas inseridas no repertório para promover seus novos trabalhos e a adoração sempre crescente dos fãs. A imprensa, no entanto, preferia citar Elvis como "quarentão e gordo."

Quando agosto de 1975 chegou, e consequentemente mais uma temporada no Hilton, ele estava esgotado. As três noites em que se apresentou antes de ter de cancelar o compromisso viram um Elvis febril, desorientado e reclamando muito de dores de dente incessantes. Apesar disso, ele ainda fez boas apresentações, dadas as circunstâncias, inclusive cantando a já rara "Suspicious Minds" pela última vez em sua carreira. A nova internação em setembro não ajudou em nada para que ele achasse entusiasmo no que fazia, terminando o ano apenas com a finalização dos shows adiados em Vegas e o ótimo concerto para 60.500 pessoas - seu maior público na carreira - em Pontiac, Michigan, em 31 de dezembro.



O ano de 1976 tinha sido de mais altos do que baixos e Elvis estava contente com o andamento das coisas.
 Sua vontade de gravar ainda era pouca, mas as sessões na Jungle Room de Graceland foram divertidas e bastante produtivas. Ele já não parecia interessado em Las Vegas, e Vegas era recíproca, fazendo o Coronel escalá-lo para apenas uma temporada de 2 a 12 de dezembro no Hiltonesta, como sabemos hoje, seria a última de sua carreira na cidade. Ao invés do ar seco do deserto de Nevada, o Rei do Rock preferiu fazer apenas mais uma temporada em Lake Tahoe - onde se apresentara pela última vez dois anos antes - entre 30 de abril e 9 de maio de 1976.

Na metade daquele ano, não parecia que Elvis tinha voltado à antiga forma ou que isso fosse possível. Suas apresentações ainda eram inconstantes, e ele se mostraria lento e por vezes confuso no início dos concertos, embora nada como as terríveis apresentações de agosto do ano anterior em Las Vegas. De fato, o cantor melhoraria em muito sua performance a partir de junho, culminando no ótimo show de 31 de dezembro de 1976 em Pittsburgh, mas era claro que ele já não tinha mais aquela chama que queimava em seu âmago.

1977 chegava com um cenário caótico. Enquanto Bill Clinton assumia seu primeiro cargo público como Procurador Geral, a imprensa falava de Elvis para contar "as desgraças" do ano anterior. O cantor, talvez rejuvenescido pelo descanso do início daquele ano ou então querendo mostrar que não havia perdido o fôlego devido à proximidade do lançamento do infame livro "Elvis: What Happened?", havia decidido mudar as coisas a seu redor.

Elvis e seus músicos começaram a escolher um grande repertório para gravar em janeiro, contratando a Creative Workshop Recording em Nashville, Tennessee, como estúdio para tal. Os encontros se dariam entre 20 e 25 de janeiro de 1977 e teriam como pauta a renovação de Elvis Presley e sua chegada ao cenário musica setentista, mas infelizmente o cantor nunca compareceu aos workshops onde as novas músicas seriam avaliadas. A imprensa ficou sabendo disso e o Press Scimitar de Memphis fez questão de frisar que Elvis era um artista sem compromisso em sua matéria de 2 de fevereiro sobre o ocorrido - dia em que o cantor iniciava a primeira sessão de gravações de 1976 na Jungle Room de Graceland.



A matéria não ajudou em nada na melhoria da condição psicológica de Elvis. Além de receber críticas da imprensa, ele se encontrava descontente com sua saúde, seu físico e o andar de sua vida. Essas condições, aliadas a suas manias já conhecidas, contribuíram em muito para que ele se entregasse ainda mais aos remédios na tentativa de fugir de um mundo que só sabia ver o lado negativo de Elvis Presley.

A primeira temporada de show de 1977 se iniciou em 12 de fevereiro em Hollywood
e a aparência geral de Elvis surpreendeu a plateia de modo negativo. Ele estava muito mais inchado do que no fim de 1976, praticamente murmurava e dedicava a maior parte da apresentação a seções instrumentais, conversas com a plateia e introduções de membros da banda, parentes e amigos. Apesar de os últimos dois shows da turnê - em Charlotte, nos dias 20 e 21 de fevereiro - serem um tanto melhores, este seria o triste resumo do que era uma apresentação de Elvis naquele mês.

Era óbvio que o Rei do Rock necessitava de descanso imediato. Ele hesitava em admitir isso, pois colocava sobre si a responsabilidade de sustentar todos que o rodeavam e sabia que as finanças não andavam bem, mas acabou aceitando passar um período de férias em sua casa no Havaí. Ele chegou ao arquipélago em 4 de março e se dedicou exclusivamente à diversão, perdendo um bom peso e aproveitando o sol das praias. Infelizmente suas férias tiveram de ser interrompidas às pressas no dia 12 de março - dia em que faria uma visita ao USS Arizona Memorial, que ajudou a fundar e era doador constante desde 1961 - devido a uma infecção ocular que o forçou a retornar a Memphis e, consequentemente, aos palcos.

Antes de partir para o Havaí, em 3 de março de 1977, Elvis havia decidido colocar alguns negócios em dia. Renovado pelo seu novo interesse amoroso - Ginger Alden -, o cantor aceitou fazer um empréstimo de 55 mil dólares para o Dr. Nick em troca de juros de 7% e devolução em 25 anos. Ele também aceitou o pedido de Vernon para que assinasse seu testamento. Ginger foi testemunha de que Elvis assinou o documento que Vernon seria o executor e administrador de seus bens e o responsável por garantir educação, saúde, vida confortável e bem-estar a ele, Minnie Mae e Lisa Marie, sua única herdeira.



Tempe, no Arizona, foi a primeira cidade a receber Elvis em 23 de março para sua segunda turnê no ano. Ele estava praticamente irreconhecível. Sua fala estava ainda mais confusa do que no mês anterior, a apresentação se arrastava e ele havia ganho um peso considerável. Até seu rosto estava diferente, se assemelhando a de um senhor já de grande idade. As coisas melhoraram um pouco nos dias seguintes e Elvis até mesmo se dispôs a cantar músicas que exigiam de seus vocais, como "Steamroller Blues", mas ainda dedicava grandes porções de suas apresentações a sua banda - inclusive inserindo solos de Sherrill Nielsen e Kathy Westmoreland.

Mas como sabemos, quando tudo parecia bem em 1977, nada estava bem. Após um péssimo show em 30 de março, as últimas apresentações da turnê foram canceladas e Elvis levado às pressas para mais uma internação - sua última - em Memphis. Ele sofria de complicações do glaucoma, prisão de ventre, dores abdominais, falta de ar, e havia se automedicado com altas doses de barbitúricos. Elvis recebeu alta hospitalar no dia 4 de abril e voltou a Graceland para descansar. A imprensa desconfiava dos reais motivos da internação, mas reproduzia a nota do Coronel que dizia que ele estava "bem e recuperado, esperando o retorno aos palcos no dia 21 em Greensboro."



De fato, Elvis retornou às turnês em Greensboro, North Carolina, no dia 21 de abril de 1977.
As apresentações ocorridas dali até 3 de maio foram muito melhores do que nas duas turnês anteriores, uma vez que Elvis se sentia um tanto descansado e sabia que Felton Jarvis e a RCA estariam gravando sua performance para um possível disco ao vivo. É de 24 de abril, por exemplo, que veio a magnífica versão de "Unchained Melody" e a divertida "Little Darlin'" presentes no LP Moody Blue.

20 de maio marcou o início de mais uma turnê e Elvis parecia fisicamente bem, apesar da saúde claramente débil. Foi no dia seguinte que ele teve um dos maiores sustos de seus últimos anos, quando teve um colapso no quarto de seu hotel em Knoxville, Kentucky. Chamado às pressas, o Dr. Nick teve de colocar a cabeça do cantor dentro de um balde com água gelada para reavivá-lo. Foi também nesse dia que o Coronel mostrou seu lado mais negro e invadiu o quarto para dizer a hoje infame frase: "Só o que importa é que este homem esteja em cima daquele palco hoje à noite!"

Os tempos eram difíceis e Elvis estava difícil de se lidar. Ele teimava em suas opiniões e hábitos e frequentemente gostava de dar lições de moral religiosa para seus amigos. Além disso, ele tornou-se um tanto desatento com seu hábito de carregar armas mesmo durante shows.

Quando chegou a Binghampton, New York, na madrugada do dia 26 de maio de 1977, ele foi avisado por um interlocutor da polícia que não poderia portar armas na área restrita do aeroporto, mas desconsiderou a possibilidade de não estar armado para alguma eventualidade. Ao descer do Lisa Marie por volta das 3 da manhã, ainda em seu pijama em estilo carateca e com centenas de fãs gritando seu nome, duas pistolas Colt semiautomáticas carregadas caíram de sua cintura e rolaram escada abaixo. Em outra ocasião, no mesmo período, uma pistola Derringer calibre 22 voou de dentro de uma de suas botas durante um show e foi parar diretamente na frente de John Wilkinson - que odiava armas -, ficando lá por bons 20 minutos.

Em 29 de maio Elvis novamente mostrou seu estado de saúde frágil ao ter que abandonar o palco por meia hora em Baltimore, Maryland. Ele atribuiu o fato a um tornozelo torcido e "um chamado da natureza", mas no fundo todos sabiam que as coisas estavam muito mais sérias do que pareciam. Elvis tentava tranquilizar a todos - e a si mesmo - colocando músicas que exigiam grande esforço em seu repertório, como "An American Trilogy" e "Polk Salad Annie", mas nada afastava da cabeça do público que havia algo muito errado.



A primeira metade de 1977 acabaria com dez shows em uma turnê bastante especial.
Tentando fazer com que Elvis voltasse ao foco da música mundial, o Coronel assinou um contrato para a realização de um especial de TV com a rede CBS - o que daria origem ao hoje conhecido Elvis in Concert.

Nos dias 17 e 18 de junho, Springfield e Kansas, ambas no Missouri, viram um Elvis um tanto distante. Ele voltara a ganhar algum peso e sua voz estava mais arrastada do que nunca. De especial, somente a versão rara de "Blue Christmas" fora da época natalina pode ser citada dentre as músicas destes concertos.

Para o especial de TV, a CBS e a RCA acompanharam Elvis e gravaram sua apresentação nos dias 19, 20 e 21. Boa parte do material de Omaha, Nebraska, não pôde ser utilizada devido a problemas técnicos e à má aparência do cantor. De Lincoln, também no Nebraska, nada pôde ser salvo. Sobrou à CBS e à RCA recorrer ao show em Rapid City, South Dakota, que foi bem melhor do que os dos dias anteriores, para montar o programa de TV e o disco da trilha sonora do mesmo.

Ambas empresas resolveram não gravar os próximos dias, temendo que o material fosse igual ou pior. Mas, por incrível que pareça, Elvis virou o jogo em seus últimos cinco shows, fazendo apresentações dinâmicas, entusiasmadas e energéticas - dentro do possível. Todos os 18 mil fãs que o viram em Indianapolis, Indiana, em 26 de junho, dia de seu último show, concordam que ele estava lento e bastante ofegante, mas fez um concerto fantástico e emocionante que incluiu versões das então raras "I Can't Stop Loving You", "Release Me" e "Bridge Over Troubled Water".

Naqueles dias, a certeza era de que Elvis Presley estava doente, mas não esquecido e descartado como a imprensa reportava diariamente. Seus fãs o acompanharam até o último minuto do último show, aplaudindo e se emocionando com sua dedicação ao palco e a eles mesmo nos momentos mais difíceis. Por isso, Elvis nunca foi esquecido.




Poucas horas após terminar sua apresentação em IndianapolisIndiana, na noite de 26 de junho de 1977 -  data que marcaria o último show de sua carreira -, Elvis estava voando para Memphis para um merecido descanso de 50 dias antes de sua nova turnê em agosto.

Depois de voar na madrugada, Elvis chega a Graceland na manhã do dia 27 de junho. Ele então teria 50 dias para descansar e colocar seus assuntos em dia antes da próxima grande turnê, que incluiria três cidades às quais seu show nunca havia sido levado e o retorno a Memphis para os últimos dois de 12 shows agendados para aquela turnê.

Enquanto em Memphis, Elvis se divertiu bastante com familiares e amigos em sua mansão e em atrações da cidade. O cantor também se concentrava em colocar em dia suas leituras, o estudo da Bíblia e o que mais gostava - suas saídas de carro e buggy pelas ruas movimentadas do coração da cidade adotada como natal desde 1956. O relacionamento com Ginger continuava firme, mas todos sabiam que não era tão forte quanto fora com Linda Thompson; na verdade, os amigos da Máfia confessariam mais tarde que sentiam falta dela. Lisa passava bastante tempo com o pai, o avô e a bisavó em Graceland, algo que se tornara sagrado para Elvis.

Em 19 de julho de 1977 o LP Moody Blue chegou às lojas e tornou-se um sucesso de vendas, algo que não acontecia havia algum tempo. O single "Way Down / Pledging My Love", lançado pouco mais de um mês antes, havia pavimentado a via para tal resultado, tendo sido aclamado por fãs e críticos. Antes disso, em 29 de novembro de 1976, outro single, "Moody Blue / She Thinks I Still Care", tinha sido um divisor de águas entre as baixas expectativas sobre lançamentos de Elvis e uma nova adoração por parte de velhos e novos fãs.

Em 1 de agosto, o pior pesadelo de Elvis em seu último ano aconteceu com a chegada de "Elvis: What Happened?" às livrarias. O livro escrito pelos ex-guarda-costas Red West, Sonny West e Dave Hebler era um tiro certeiro no coração do cantor com mentiras absurdas sobre sua conduta e saúde longe dos olhos do público. O Rei do Rock havia conversado com Red em uma longa ligação telefônica ainda em 1976 e pedira para que ele não fosse em frente com o projeto, mas West se recusara a ouvi-lo e dissera que a culpa de tudo era de seu ex-patrão e amigo.

Elvis, segundo familiares, ficara inconsolável com a traição. Aquele livro fez muito mais do que revelações infundadas sobre o ícone da música, colocando-o em um estado de depressão quase nunca visto antes. Nos primeiros dias do mês ele ficara praticamente o tempo todo em seu quarto, saindo apenas à noite para passeios de buggy com Ginger e Lisa.

Querendo despistar os fãs que certamente estariam no cemitério Forest Hill à sua espera para a visita ao túmulo de Gladys em 14 de agosto, Elvis resolveu pagar tributo à mãe no dia 11. Foi uma saída rápida e sem seguranças, exatamente para não chamar atenção, mas que pode ter significado muito para ele. Visitar o túmulo da mãe dias antes da data de seu passamento bem poderia ser um sinal de que o Rei do Rock estava em busca de uma luz sobre sua vida e seus próximos passos que não conseguia encontrar em nenhum outro lugar.

Na tarde do dia 12 de agosto, Elvis resolveu novamente dar um passeio de buggy com seus amigos e atendeu alguns fãs nos portões da mansão. Ao contrário do que diziam à época, ele não se encontrava extremamente obeso ou demasiadamente triste. À noite, o cantor saiu com Lisa e Ginger para tentar ver "Star Wars" em uma sessão de cinema privada, mas não conseguiu uma cópia e acabou vendo o novo filme do agente 007, "The Spy Who Loved Me" (O Espião Que Me Amava).

Os dias 13 a 15 foram normais e correram dentro do esperado na rotina de Elvis. Depois de ler noite adentro, o cantor geralmente acordava por volta das 16h30 e via televisão até o fim da noite, quando decidia o que iria fazer fora de Graceland até o horário de ir para a cama novamente. Quando não estava em frente à sua TV, o Rei do Rock ia para a cozinha preparar deliciosos - e extremamente calóricos - sanduíches para saciar seu apetite criado por horas de inatividade e ama clara depressão.

Elvis fez suas malas para partir para Portland, Maine, onde faria o primeiro show de sua nova turnê em 17 de agosto de 1977, no início da noite do dia 15. Ele reclamava aos seus próximos que sentia uma dor de dentes incessante e por isso quis marcar seu dentista particular ainda naquela noite, por volta de 22h30. Ao retornar para Graceland, à 0h30 de 16 de agosto, ele trazia uma grande quantidade de codeína receitada por seu dentista para aliviar a dor que sentia nos dentes.

O que ocorreu exatamente em Graceland nas próximas 14 horas ainda é uma incógnita. Sabe-se que Elvis quis jogar squash com Billy e Jo Smith, e que depois ficou tocando piano e cantando por algumas horas antes de levar Lisa para a cama. Após tentar dormir por algum tempo, ele se levantou e foi ler em seu banheiro privativo. Ginger o encontraria desacordado às 14h30 de 16 de agosto de 1977 e o momento mais triste para todos os fãs e o mundo da música tornou-se realidade: Elvis havia deixado o recinto e entrado para a história.

Um comentário:

  1. Meu Deus, como ele sofreu, ele foi magistral até o final. Será sempre lembrado e amado por todos que reconheceram nele toda sua força, carisma, talento e estonteante beleza. Salve o rei do Tock

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