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Elvis, Marilyn Evans e Johnny Cash durante a famosa jam do The Million Dollar Quartet; Sun Studio, Memphis, Tennessee; 4 de dezembro de 1956. (créditos: © George Pierce) |
Em 4 de dezembro de 1956, Elvis, agora estrela da RCA Victor e mundialmente conhecido por sua atuação em "Love Me Tender", fez uma de suas visitas não programadas ao Sun Studio, onde sua carreira meteórica havia começado dois anos antes.
Sam Phillips não perdeu a oportunidade de chamar a imprensa e fazer daquilo um grande marketing, ainda mais tendo como amigo o editor de entretenimento do jornal The Memphis Press-Scimitar, Bob Johnson. O jornalista, por sua vez, trouxe ao estúdio o representante da UPI, Leo Soroca, e um fotógrafo para capturar o evento e publicar na edição do dia seguinte do jornal.
Phillips obviamente tinha um plano maior do que apenas mostrar que Elvis havia ido visitá-lo. Era uma oportunidade grande de exibir seus mais novos artistas uma vez que Carl Perkins, que havia obtido sucesso recentemente com "Blue Suede Shoes", já estaria no estúdio naquele dia. O grande sucesso nacional e contratado do Sun Jerry Lee Lewis não podia ficar de fora e muito menos o relativamente desconhecido Johnny Cash, então Sam pediu aos dois que também comparecessem. Foi um frenesi midiático, com fotos e repórteres para todo lado, mas bem controlado e planejado pelo astuto dono do Sun Studio.
Ela disse sim.
E assim, 52 anos depois, o que ela mais lembra da casa?
"Eu me lembro que o telefone tocava e ninguém respondia, o que era estranho."
Em Memphis, Elvis e Evans passavam os dias andando de motocicleta, saíam para comer e assistiam a filmes alugados na casa de Elvis, um luxo que a garota de Fresno mal podia acreditar.
"Ele estava relaxado, estava confortável lá", recordou Knowles-Riehl.
E à noite ela dormia ...
"... não com ele."
"Ele era extremamente honrado, ele era jovem, eu era jovem."
Em 4 de dezembro de 1956, o casal, juntamente com alguns amigos de Elvis, cruzava Memphis, como de costume. Mas nesse dia Elvis parou no Sun, onde tinha feito sua primeira gravação apenas três anos antes. Foi lá, nas próximas horas, que o destino (e um gravador) permitiram um raro vislumbre das paixões musicais destas quatro lendas futuras, enquanto eles cantavam gospel, country e blues. Foi uma sessão seminal de origens do rock 'n' roll... e que Knowles-Riehl mal lembra.
Phillips obviamente tinha um plano maior do que apenas mostrar que Elvis havia ido visitá-lo. Era uma oportunidade grande de exibir seus mais novos artistas uma vez que Carl Perkins, que havia obtido sucesso recentemente com "Blue Suede Shoes", já estaria no estúdio naquele dia. O grande sucesso nacional e contratado do Sun Jerry Lee Lewis não podia ficar de fora e muito menos o relativamente desconhecido Johnny Cash, então Sam pediu aos dois que também comparecessem. Foi um frenesi midiático, com fotos e repórteres para todo lado, mas bem controlado e planejado pelo astuto dono do Sun Studio.
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Recepção de Elvis no Sun Studio. Da esquerda para a direita: Bob Johnson, Sam Phillips, Elvis e Leo Soroca; 4 de dezembro de 1956 (créditos: © George Pierce) |
Mas longe de ser qualquer estrela, uma linda garota, a qual Bob Johnson citou com entusiasmo em seu artigo, havia chegado junto com Elvis. Era uma novidade na época e continuou sendo até muito recentemente.
Marilyn Evans aparecera somente naquele artigo de jornal e todas as fotos usadas em discos com conteúdo daquela jam session não a incluíam na arte final, sendo cortadas para encaixar somente as estrelas do evento.
Havia dúvida sobre sua existência até mesmo no meio dos estudiosos de Elvis, mas a maioria concordava que a voz feminina ouvida em partes da gravação só poderia ser dela porque há provas, ainda que escassas, de seu namoro com o Rei do Rock.
Havia dúvida sobre sua existência até mesmo no meio dos estudiosos de Elvis, mas a maioria concordava que a voz feminina ouvida em partes da gravação só poderia ser dela porque há provas, ainda que escassas, de seu namoro com o Rei do Rock.
A principal prova é a foto no artigo de Bob Johnson e sua explanação sobre quem era a garota: "A adorável criatura sentada sobre o piano é Marilyn Evans, que dança no The New Frontier em Las Vegas. Ela é hóspede de Elvis até sexta-feira."
Como o artigo ficou esquecido no tempo e as fotos daquela sessão nunca a incluíam, muitos foram levados a crer que ela nunca existiu ou que, se existiu, havia sumido no tempo assim como sua história com Elvis.
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Artigo de Bob Johnson no The Memphis Press-Scimitar, onde Marilyn também aparece; 5 de dezembro de 1956 |
Colin Escott, historiador musical e co-autor da peça "Million Dollar Quartet", a classificou como "a namorada perdida de Elvis" em entrevista dada em setembro de 2011 ao Chicago Tribune, na qual explicou que "leis do governo são complicadas e por não sabermos se ela está viva ou não, optamos por colocar um nome fictício em sua personagem, chamando-a de Dyanne."
O jornalista que havia publicado o artigo sobre a peça, Jason George, já havia recebido diversas mensagens sobre quem poderia ser a misteriosa garota da foto. O palpite mais comum era de que se tratava de Patsy Cline, mas também se falava o nome de diversas estrelas de Hollywood e ocasionalmente um "era a tia da minha mãe".
O jornalista que havia publicado o artigo sobre a peça, Jason George, já havia recebido diversas mensagens sobre quem poderia ser a misteriosa garota da foto. O palpite mais comum era de que se tratava de Patsy Cline, mas também se falava o nome de diversas estrelas de Hollywood e ocasionalmente um "era a tia da minha mãe".
Ninguém dava provas suficientes da identidade e paradeiro da garota ou sabia de fato quem era, exceto a leitora Mary Green.
Green quase desmaiou quando abriu o jornal e viu a foto daquela jam session. "Meu Deus, é Marilyn!", ela exclamou em sua casa em Barrington. Mary era amiga de Marilyn desde os anos 1960, quando ambas estudavam dança e eram irmãs de fraternidade na Universidade de Utah, e sabia que sua amiga havia namorado Elvis em Memphis, mas não tinha ideia de que aquela sessão no Sun houvesse acontecido.
Green ligou para o marido de Marilyn que, por sua vez, escreveu ao jornal dizendo que aquela era sua atual esposa e que ainda estava tão linda quanto naquela foto.
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Foto restaurada do artigo de Bob Johnson no Memphis Press-Scimitar (créditos: © George Pierce) |
Green quase desmaiou quando abriu o jornal e viu a foto daquela jam session. "Meu Deus, é Marilyn!", ela exclamou em sua casa em Barrington. Mary era amiga de Marilyn desde os anos 1960, quando ambas estudavam dança e eram irmãs de fraternidade na Universidade de Utah, e sabia que sua amiga havia namorado Elvis em Memphis, mas não tinha ideia de que aquela sessão no Sun houvesse acontecido.
Green ligou para o marido de Marilyn que, por sua vez, escreveu ao jornal dizendo que aquela era sua atual esposa e que ainda estava tão linda quanto naquela foto.
Jason George, que já estava cansado de tantas pistas que levavam a lugar nenhum, não se convenceu muito daquilo mas retornou um número de telefone pelo qual Marilyn poderia contatá-lo. Dois dias depois ele perdeu uma ligação, mas relaxou completamente ao ouvir a mensagem deixada na secretária eletrônica: "Olá. Aqui é Marilyn Evans..."
Em 11 de novembro de 2008 o jornal publicou uma entrevista, a primeira de sua vida, com a agora Marilyn Knowles-Riehl, então com 71 anos de idade.
Segue transcrição da mesma.
Quando um promotor ligou para Marilyn Evans no verão de 1956 e pediu-lhe para se juntar à linha de coro do New Frontier Casino de Las Vegas, ela mal podia se conter - aquela adolescente de Fresno, Califórnia, vivia para dançar.
"Eu pensei que era provavelmente a coisa mais sofisticada que tinha acontecido no mundo inteiro", ela disse semana passada com uma risada jovial.
Ela foi para Las Vegas em sua infância, um lugar relativamente inocente, onde os dançarinos desfrutavam de bom um salário - $ 135 por semana - carros esportivos e soirees com headliners como Mickey Rooney e George Chakiris. "Foi muito emocionante: dois shows por noite, sete dias por semana", disse ela. "Eu estava adorando."
Entre shows, os dançarinos se reuniam em uma cafeteria para funcionários do cassino. Foi lá que Elvis apareceu uma noite e sentou em sua mesa.
"Uau", Evans pensou. "Ele é bonito - realmente, verdadeiramente."
Em menos de uma hora, Elvis tinha passado uma nota rabiscada na parte de trás de um guardanapo para Evans. Ele dizia: "Posso ter um encontro com você amanhã à noite ou antes de eu ir embora?"
Evans afirmou com a cabeça, com emoção e choque.
"Ele me chamou nos bastidores naquela noite, marcou uma hora", lembrou-se.
E assim, pelo próximo par de semanas ela e Elvis exploraram Las Vegas, dirigindo ao redor, saindo e caminhando através dos cassinos. (Nenhum dos dois gostava de jogar, ela disse.) Perguntada por que ele a escolheu, ela ri e dá de ombros.
"Eu acho que ele provavelmente gostou que eu não era atirada. Eu era respeitável", disse ela. "Eu ainda sou respeitável, você sabe!"
E o que os pais desta adolescente respeitável pensaram sobre ela namorar o inimigo nº 1 dos pais?
O pai de Evans havia morrido quando ela estava no colégio, mas para evitar qualquer problema, ela escreveu para a mãe uma carta que dizia: "Não enlouqueça, mamãe, mas conheci Elvis Presley".
Mamãe enlouqueceu, um pouco; Quer dizer, até Evans colocar a jovem estrela no telefone.
Como Evans, Elvis também estava se apresentando no New Frontier - seu primeiro compromisso em Las Vegas - mas quando ele foi embora, o casal permaneceu em contato por telefone. Então um dia, ele chamou Evans e pediu-lhe para ir visitá-lo e ficar em sua casa em Memphis.
Em 11 de novembro de 2008 o jornal publicou uma entrevista, a primeira de sua vida, com a agora Marilyn Knowles-Riehl, então com 71 anos de idade.
Segue transcrição da mesma.
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Marilyn em 2008 |
"Eu pensei que era provavelmente a coisa mais sofisticada que tinha acontecido no mundo inteiro", ela disse semana passada com uma risada jovial.
Ela foi para Las Vegas em sua infância, um lugar relativamente inocente, onde os dançarinos desfrutavam de bom um salário - $ 135 por semana - carros esportivos e soirees com headliners como Mickey Rooney e George Chakiris. "Foi muito emocionante: dois shows por noite, sete dias por semana", disse ela. "Eu estava adorando."
Entre shows, os dançarinos se reuniam em uma cafeteria para funcionários do cassino. Foi lá que Elvis apareceu uma noite e sentou em sua mesa.
"Uau", Evans pensou. "Ele é bonito - realmente, verdadeiramente."
Em menos de uma hora, Elvis tinha passado uma nota rabiscada na parte de trás de um guardanapo para Evans. Ele dizia: "Posso ter um encontro com você amanhã à noite ou antes de eu ir embora?"
Evans afirmou com a cabeça, com emoção e choque.
"Ele me chamou nos bastidores naquela noite, marcou uma hora", lembrou-se.
E assim, pelo próximo par de semanas ela e Elvis exploraram Las Vegas, dirigindo ao redor, saindo e caminhando através dos cassinos. (Nenhum dos dois gostava de jogar, ela disse.) Perguntada por que ele a escolheu, ela ri e dá de ombros.
"Eu acho que ele provavelmente gostou que eu não era atirada. Eu era respeitável", disse ela. "Eu ainda sou respeitável, você sabe!"
E o que os pais desta adolescente respeitável pensaram sobre ela namorar o inimigo nº 1 dos pais?
O pai de Evans havia morrido quando ela estava no colégio, mas para evitar qualquer problema, ela escreveu para a mãe uma carta que dizia: "Não enlouqueça, mamãe, mas conheci Elvis Presley".
Mamãe enlouqueceu, um pouco; Quer dizer, até Evans colocar a jovem estrela no telefone.
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Guardanapo com o convite original de Elvis |
Ela disse sim.
E assim, 52 anos depois, o que ela mais lembra da casa?
"Eu me lembro que o telefone tocava e ninguém respondia, o que era estranho."
Em Memphis, Elvis e Evans passavam os dias andando de motocicleta, saíam para comer e assistiam a filmes alugados na casa de Elvis, um luxo que a garota de Fresno mal podia acreditar.
"Ele estava relaxado, estava confortável lá", recordou Knowles-Riehl.
E à noite ela dormia ...
"... não com ele."
"Ele era extremamente honrado, ele era jovem, eu era jovem."
"Eu me lembro que a roupa que eu estava vestindo era toda de lã", ela disse com um encolher de ombros de desculpas. "Muita água passou sob a ponte desde então."
O fato de que a sessão significava tão pouco para ela poderia ajudar a explicar por que ela disse que se sentiu bem quando o relacionamento terminou algumas semanas depois.
"Eu sempre preferi a música clássica", ela explicou. "Estávamos interessados em coisas diferentes, não que uma seja melhor do que a outra."
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Marilyn Evans no New Frontier, 1956 |
"Foi ótimo, eu amei, era maravilhosamente fabuloso e excitante, mas tinha outras coisas que eu queria fazer", disse Knowles-Riehl, que no ano seguinte começou a frequentar a Universidade de Utah.
Perguntada por que ela nunca falou de seu encontro com o estrelato, Knowles-Riehl disse que nunca pensou nisso entre os destaques de sua vida. Em vez disso, ela prefere conversar sobre seus dois maridos - o primeiro morreu - seu filho e uma carreira de dança que inclui 13 anos como diretora do Ballet de Fresno.
"É como pessoas cujo ponto alto de sua vida é o baile de formatura", explicou. "Meu baile de formatura foi bom, mas muitas coisas aconteceram desde então."
Tal como...
"Quando não está me deixando louca, gosto de genealogia", disse Knowles-Riehl, que divide seu tempo entre Carmel, Califórnia e Salt Lake City.
Ela também continua a dançar - e é tão fisicamente apta quanto alguém de 40 anos - e dirige sua própria trupe de dança do ventre.
"É praticamente o oposto de toda a minha formação, mas eu adoro", disse ela.
Até semana passada, Knowles-Riehl nunca tinha ouvido a sessão de gravação daquele dia em Memphis. Mas quando o fez, ela rapidamente anulou a teoria popular de que era ela a voz que pedira a música "Farther Along".
"Essa não sou eu", disse ela, enquanto a voz feminina da gravação fala com uma voz esbatida.
"Eu não iria pegar um sotaque do Sul tão rápido", disse ela, rindo.
No entanto, ao ouvir o resto do álbum da sessão daquele dia, Knowles-Riehl tropeçou em outra voz feminina, esta pedindo "End of the Road".
"Essa sou eu", disse ela, enquanto seus amplos olhos castanhos se alargavam.
"É como algo do outro mundo", disse ela ao se ouvir, "fora do corpo".
Com os fones de ouvido ainda ligados, Knowles-Riehl parecia naquele momento como estava na fotografia de 56: Seu rosto brilhante e corado, perguntando-se como é que poderia ficar melhor do que aquilo.
"É incrível."
Peter Guralnick, autor da biografia definitiva em dois volumes de Elvis "Last Train to Memphis" e "Careless Love", tentou localizar Marilyn Evans, mas não conseguiu.
"E ninguém é mais obstinado do que Peter Guralnick", disse Colin Escott, co-autor de "Million Dollar Quartet", a peça sobre a sessão de gravação de 1956. "Se ele não conseguia encontrá-la, eu supunha que ela estava perdida na história."
Graças a uma leitora do Tribune, porém, encontramos Marilyn (anteriormente Evans) Knowles-Riehl. Isso é incrível, isso significa que há três sobreviventes daquele dia: Jerry Lee Lewis, Jack Clement [o engenheiro da sessão] e agora Marilyn."
Escott disse que adoraria que Knowles-Riehl visse o show no Chicago's Apollo Theatre. A peça apresenta uma namorada Elvis fictícia que canta e dança com o quarteto.
Perguntada se ela estaria disposta a ir, Knowles-Riehl exclamou: "Seria divertido ver!"
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Textos originais: Elvis Australia & The Chicago Tribune
Fhotos: George Pierce, Elvis Australia & Google
Fhotos: George Pierce, Elvis Australia & Google
Tradução, pesquisa e oorganização: Elvis Presley Index | http://www.elvispresleyindex.com.br
>> a re-disponibilização desta tradução só é permitida se mantidos os créditos e sem edições.<<
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