Formato:
CD
Número de faixas:
26
Duração:
78:00
Tipo de álbum:
Concerto
Vinculado a:
Discografia FTD
Ano:
2005
Gravação:
28 de março de 1975 MS
Lançamento:
Abril de 2005
Singles:
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Big Boss Man é o quadragésimo quinto CD da FTD. Ele contém o show completo de 28 de março de 1975 MS em Las Vegas e faixas extras de 22 e 31 de março MS do mesmo ano. O CD está atualmente fora de catálogo na gravadora.
1975 foi o primeiro ano desde 1970 em que Elvis não iniciou a rotina de shows com a já famosa e esperada temporada de Las Vegas em janeiro. Desde outubro de 1974, o Rei do Rock exibia pouca vontade de se apresentar, razão pela qual também não existiu uma temporada em Las Vegas no final daquele ano, e sua saúde estava em plena deterioração quando seu 40º ano de vida começou.
A coisa ainda era pior no estúdio, local onde ele não colocava os pés desde dezembro de 1973, e com o lançamento das últimas faixas disponíveis daquela sessão no LP "Promised Land" em 8 de janeiro de 1975, a RCA já começava a ver minguar drasticamente os seus planos para possíveis lançamentos futuros.
Em 25 de janeiro de 1975, um dia antes de iniciar a temporada em Las Vegas, Elvis estava muito indisposto e houve uma correria para cancelar os shows e remarcar as datas. Nos dias seguintes a desculpa era de que Elvis havia retornado a Memphis para repousar e se curar de uma gripe estomacal, mas a verdade é que ele fora internado no Baptist Memorial Hospital às pressas em 28 de janeiro devido a uma overdose de medicamentos.
Vernon seria admitido no hospital em 5 de fevereiro, depois de sofrer um infarto, e pai e filho dividiriam um quarto até a alta de ambos, que ocorreria no dia 13 daquele mês. Enquanto lá, Elvis e Vernon tiveram a conversa mais séria de suas vidas, com o pai implorando ao filho que parasse com aquele comportamento mortal e dizendo: "Filho, você matou sua mãe de preocupação."
Depois de quase um mês de descanso em sua mansão em Malibu e com a RCA em seu calcanhar para que produzisse novas faixas, Elvis retornou ao RCA Studio C em Hollywood entre a noite do dia 10 e a madrugada de 13 de março para gravar exatamente dez músicas, as quais seriam disponibilizadas no LP "Today" em maio daquele ano.
Faltava somente saber se a disposição de Elvis ainda seria a mesma para a temporada adiada em Las Vegas, que se iniciaria em 18 de março. Felizmente, aquela seria uma das melhores temporadas do Rei do Rock no Hilton Hotel depois de muito tempo e muitas performances medianas. O cantor estava entusiasmado, queria dar o melhor de si e não esperava nada menos do que a satisfação total da plateia.
Apesar de já ter lançado material ao vivo de 1975 anteriormente, a FTD somente disponibilizou uma apresentação da primeira temporada de Las Vegas naquele ano em 2005.
"Big Boss Man" foi vendido como contendo a apresentação de 30 de março de 1975 MS, um domingo, mas isso foi disputado já de início quando um fã notou que Elvis diz a alguém da plateia que "retorne no sábado", que, uma vez que a temporada acabaria na segunda-feira 1 de abril, seria 29 de março. A gravadora preferiu mudar a data do show em seu catálogo para 1 de abril DS, mas estudos mais aprofundados apontam com mais de 95% de certeza de que se trata do concerto de 28 de março de 1975 MS.
Abaixo segue a resenha do conteúdo disponibilizado no CD.
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- 1. Also Sprach Zarathustra: A fanfarra já conhecida inicia com um som um tanto estranho devido ao fato de que a mixagem no soundboard ainda não havia sido feita.
- 2. See See Rider: O mix ainda soa estranho, mas felizmente melhora assim que Elvis canta as primeiras frases. A voz do Rei do Rock está forte e radiante, o que é um sopro de alívio depois de um 1974 duvidoso.
- 3. I Got a Woman / Amen: Depois de revisar sua jumpsuit, Elvis comenta: "Essa roupa ficou maluca. Começou a rasgar. Tem alguma coisa à mostra que não deveria estar?"
Uma brevíssima rotina do "well, well, well" leva a uma versão bastante potente do já conhecido medley. "Muito obrigado, senhoras e senhores. Boa noite, eu sou a Ann-Margret." O cantor se dirige a uma fã que lhe diz, "Eu te amo! Não me faça ficar esperando, eu te amo, eu te amo!" e brinca: "Tem duas mil pessoas ouvindo, você sabe disso, não?"
Após ouvir que ela que não se importa com a plateia e dar um beijo na fã assanhada, Elvis diz que está "com um probleminha" (a já famosa observação sobre o "creeping crud")e pede que ela não o culpe se pegar alguma coisa, somente para ouvir dela: "Você pode ficar com tudo que eu tenho a oferecer, então posso ficar com o que você me der também."
- 4. Love Me: A canção é interpretada de forma solta e bem humorada enquanto Elvis ri e interage com as fãs mais saidinhas ao distribuir seus lenços e beijos.
- 5. If You Love Me (Let Me Know): Sem dizer muito, Elvis inicia a música que era uma das mais adoradas por ele no momento e a versão mostra isso. Ele se diverte e canta com uma voz cristalina.
- 6. And I Love You So: Nova no repertório, ela ainda é interpretada da forma como fora gravada em estúdio alguns dias antes. A versão é boa e dá a oportunidade para que Elvis descanse um pouco.
- 7. Big Boss Man: Talvez a música mais interessante de toda a apresentação, traz o Rei do Rock realmente se entregando à interpretação. A animação da banda e da plateia é perfeitamente audível.
- 8. It's Midnight: Mais calejada no repertório, acalma a atmosfera para que Elvis recupere um pouco de fôlego, embora ele faça questão de terminar a rendição em grande estilo.
- 9. Promised Land: Sem pestanejar, o cantor entra em mais um rock rápido e movimentado. Esta é uma das melhores versões disponíveis dessa música por ter um mix perfeito que possibilita ouvir a voz cristalina de Elvis - sem errar uma única palavra da letra! - e o solo majestoso de James Burton.
- 10. Burning Love: "Ok. A próxima música que vamos cantar é difícil." Ao que parece, Elvis provavelmente ia fazer uma nova rendição de "You're the Reason I'm Living", interpretada uma única vez no show de 22 de março de 1975 MS, mas acaba se concentrando na plateia que pede "Fever", "Tryin' to Get to You" e "Burning Love", a qual acaba sendo sua escolhida. E isso foi um acerto enorme, pois sua voz naquela noite possibilitaria a criação de uma versão digna das mais memoráveis de 1972.
- 11. Introductions: Elvis apresenta as Sweet Inspirations, JD Sumner e os Stamps, Kathy Westmoreland e John Wilkinson.
- 12. Introductions Continued: Na continuação, James Burton faz um solo refrescante ao ritmo de "What'd I Say" e é seguido sem pausas por Ronnie Tutt. Duke Bardwell faz seu solo para um Elvis nada impressionado, seguido de Glen Hardin e David Briggs. Após apresentar o grupo Voice, é a vez de Charlie Hodge, Joe Guercio e sua orquestra.
O Rei do Rock apresenta em seguida a atriz Trish Stewart e a atriz e cantora Barbra Streisand. Seria nessa ocasião, após o show, que Barbra o convidaria para coestrelar "Nasce Uma Estrela", proposta da qual o Coronel Parker faria Elvis desistir.
- 13. My Boy: É perceptível na voz de Elvis e em seu esmero para entregar uma versão limpa e emocionante que Lisa estava em seus pensamentos. Os versos finais e a nota que o cantor solta de seu âmago denotam toda sua luta e dor.
- 14. I'll Remember You: "Esta é uma bela canção que veio do Havaí, que apresentamos no especial de TV 'Aloha From Hawaii', e se chama 'I'll Remember You'." Elvis aproveita para descansar a voz e entregar mais beijos e lenços para a plateia. Ao perguntar a idade de uma fã e receber como resposta, "farei 13 no domingo", ele desiste de dar um beijo e diz: "Volte no domingo." (provando que se trata da apresentação da meia-noite de 28 de março de 1975)
A versão é a de praxe e sem novidades.
Na sequência, Kathy Westmoreland interpretaria um solo de "My Heavenly Father", mas isso foi cortado da fita por problemas no áudio.
- 15. Let Me Be There: Outra das preferidas de Elvis, também não traz novidades por ser sempre muito bem interpretada. Como sempre, há uma reprise da parte final da música.
- 16. Hound Dog: Depois de conversar com fãs por alguns minutos, o cantor interpreta um de seus maiores sucessos para o delírio da plateia. Mesmo os beijos e os lenços que voam para todos os lados tiram sua concentração.
- 17. An American Trilogy: A música que se tornaria cada vez mais rara nos shows dali para a frente ganha uma versão poderosa com a excelente voz de Elvis. Sua empolgação com a rendição impecável é palpável no final.
- 18. Can't Help Falling in Love: Como sempre, a música é a última oportunidade para receber lenços e beijos de Elvis.
BÔNUS
- 19. You Don't Have to Say You Love Me [31/03/75 MS]: Rara desde maio de 1973 e ausente desde julho de 1974, a música é rendida aqui pela primeira vez no ano.
Apesar de bastante inferior às versões de 1970, esta rendição ainda exibe a potência vocal de Elvis e é uma adição muito bem vinda pela plateia.
- 20. The Wonder of You [31/03/75 MS]: Apesar de ter ficado de fora do repertório durante todo o ano de 1973, esta música nunca realmente foi abandonada e sempre fazia aparições especiais. Depois de 1970, 1975 foi o ano que mais viu rendições dela, sendo esta a primeira.
A versão começa já com a primeira linha da letra e omite uma estrofe inteira, como seria praxe dali para a frente, tendo menos de um minuto e meio de duração. Sendo vocalmente mais exigente do que a anterior, ela deixa transparecer que há uma leve, mas irrelevante, perda de registro na voz do cantor.
- 21. Bridge Over Troubled Water [31/03/75 MS]: Outra das que nunca foram realmente abandonadas, é um dos highlights de todo este CD.
É interessante ouvir que a voz de Elvis ganha bem mais vida aqui do que nas duas músicas anteriores e fica bastante fácil imaginar que esta versão poderia estar em qualquer show de 1970 sem se sentir inferior.
- 22. Little Darlin' [31/03/75 MS]: Estreante no repertório, o sucesso do grupo The Diamonds em 1959 faz seu debut na voz de Elvis. Mesmo após quatro false starts, nem a banda nem o cantor conseguem encontrar um consenso durante a rendição. É uma música que não deveria ser levada a sério e, de fato, Elvis nunca a levaria como tal.
- 23. Hawaiian Wedding Song [31/03/75 MS]: Apesar de contar com rendições esporádicas em 1971 e 1972, a música passou a fazer parte do repertório oficial dos shows somente em 1974, ano em que teve mais versões cantadas.
Aqui, Elvis a usa como um rápido período de descanso depois de "Little Darlin'" e antes de se despedir dos fãs com "Can't Help Falling in Love".
- 24. Green, Green Grass of Home [22/03/75 MS]: O áudio aqui é bastante precário devido à condição da fita, mas não impede que a rendição de Elvis soe majestosa. Interpretada pela segunda de apenas quatro vezes, esta versão é infinitamente superior à de estúdio e não há falhas na voz do cantor.
Quando ouvida no CD "Las Vegas Happening", lançado em 2013 pela Rock Legends a partir de uma fonte de áudio cristalina, ela se torna ainda mais memorável.
- 25. Faiytale [22/03/75 MS]: Também superior à versão de estúdio, mostra que Elvis vinha adquirindo uma maturidade vocal mais voltada ao Country, estilo que ele adotaria em seus discos de 1975 em diante.
- 26. You're the Reason I'm Living [22/03/75 MS]: Rendida esta única vez ao vivo, ela ajudou a provar que as últimas três faixas realmente pertenciam ao show de 22/03/75 MS.
Interpretada de improviso, a versão traz Elvis dirigindo a banda durante a rendição e declarando no fim: "Como puderam perceber, isso foi totalmente sem ensaios, nunca tocamos essa música na vida."
A faixa termina com Elvis apresentando seu pai para a plateia.