Scotty Moore
Não é novidade que Elvis adotou Memphis, no Tennessee, como sua casa desde cedo, mas Tupelo nunca realmente saiu de seus pensamentos. Elvis tinha a cidade no centro de seu coração e frequentemente lembrava do que vivera lá, da pobreza, dos percalços da vida, dos anos em que passou ajudando seus pais. No entanto, ele só voltou a ela em 26 de setembro de 1956, quando se apresentou já como estrela mundialmente reconhecida na 49ª edição da Mississippi-Alabama Fair & Dairy Show, mesmo local onde aos dez anos de idade havia ganho o terceiro lugar em um concurso da Rádio WELO por sua interpretação de "Old Shep".
A cidadezinha de 8 mil habitantes de repente se viu abarrotada com 50 mil pessoas, todas ali para ver um único artista. A Parada do Dia da Criança f, ocorrida naquela manhã, teve como tema do ano "O Retorno de Elvis Presley". Nas ruas, gigantescos banners liam "Tupelo Dá as Boas Vindas a Elvis". Havia centenas de profissionais de imprensa de todas as partes do mundo e jornais de todas as regiões do país enviaram seus melhores jornalistas para cobrir o evento. Toda a força policial de Tupelo havia sido chamada.
ÀS 14h30, era hora do primeiro show do dia e a plateia estava eletrizada. Ao começar seu ato com "Heartbreak Hotel", era quase impossível ouvir a banda e Elvis devido aos gritos eufóricos das fãs. Após receber um documento que fixava o dia 26 de setembro como o "Dia de Elvis Presley" em Tupelo e a Chave da Cidade, suas músicas continuariam a fazer com que as fãs alternassem momentos de euforia calma com outros de total histeria. Uma fã passou por 50 policiais e subiu no palco para abraçar o ídolo aos prantos durante "Don't Be Cruel"; ao chegar perto demais de uma das bordas do palco, algumas outras arrancaram botões de sua camisa. "Hound Dog" fez com que as bases do palco tremessem com o empurra-empurra.
Às 19:30 daquele mesmo dia, Elvis voltaria ao palco para sua segunda e última apresentação na cidade naquele ano. Mas se ele teve de chamar a atenção da plateia uma ou outra vez por questões de segurança no show da tarde, à noite as coisas seriam muito mais caóticas. O cantor teve de parar o concerto por três vezes para pedir aos fãs que parassem de se empurrar porque pessoas estavam se machucando seriamente. "Não posso continuar desse jeito!", exclamou quando a polícia não conseguiu conter fãs que rasgavam sua camisa. De fato, o grande número de chamados de emergência após o show não deixava dúvida: O "Furacão Elvis" havia passado por Tupelo.
Esse verdadeiro fenômeno da natureza foi noticiado nos EUA em reportagens que o exaltavam, mas, 50 anos depois, duvidava-se que aquela grande façanha seria vista ou ouvida novamente pelo fato de que as apresentações de Elvis nos anos 1950 não eram gravadas pela RCA ou redes de televisão. A dúvida acabou em 2007, quando a Memphis Recording Service lançou um DVD que afirmava corajosamente na capa que "nunca antes tínhamos visto um concerto de Elvis nos anos 1950 com som... até agora!".
A MRS engenhosamente coordenou filmagens de noticiário em preto e branco licenciadas e profissionalmente filmadas (obtidas durante o show da tarde de 26 de setembro de 1956) com a gravação em áudio amador feita do concerto (que já havia aparecido no box "A Golden Celebration" em 1984) e isso é surpreendente. Não por causa da qualidade da filmagem e do áudio, mas por causa da combinação. Há gritos, há a banda e há, acima de tudo, Elvis Presley se movendo e trabalhando a multidão.
Ver e ouvir Elvis tocar clássicos como "Heartbreak Hotel", "Long Tall Sally" e "Don't Be Cruel" desta forma é altamente agradável. Infelizmente, existem apenas partes de "I Got a Woman" e "Hound Dog", mas o que há mostra Elvis realmente enlouquecendo na frente dos fãs gritando. Este DVD é sem dúvida um dos lançamentos mais interessantes em algum tempo, e sua importância como documento histórico não tem preço.
A primeira parte do DVD traz um featurette de 7 minutos e 40 segundos com imagens da Parada do Dia das Crianças e dos bastidores dos dois shows daquele dia, tudo sob áudios de entrevistas com Elvis, Vernon e Gladys, do ator Nick Adams e da fã Judy Hopper, como visto no vídeo abaixo.
Na sequência, há outro vídeo, este de 13 minutos e dez segundos, com imagens do show da tarde sincronizadas com áudio amador. As músicas inclusas nele são:
A seguir, clipes do show das 19:30 (vídeo não encontrado) e um minuto e 25 segundos de imagens em excelente qualidade capturadas pela FOX para seus minidocumentários MovieTone que eram exibidos nos cinemas antes dos filmes da produtora (o vídeo abaixo só tem 38 segundos dessas imagens).
Finalizando a primeira parte do trabalho, a MRS incluiu 10 minutos e 12 segundos de imagens do show feito um ano depois, em 27 de setembro de 1957. No clipe também há uma entrevista com Elvis e sua então namorada Anita Wood, além de imagens de bastidores (o vídeo abaixo exibe apenas 9 minutos e 44 segundos destas gravações).
Na segunda parte do DVD há também o áudio dos concertos da tarde e da noite de 26 de setembro de 1956, bem acompanhados por uma foto diferente de Elvis para cada uma das canções executadas. São as faixas:
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EDIÇÕES
Lançada em março de 2007, a versão Deluxe trazia, além de tudo citado acima, um livro de 174 páginas com fotos inéditas e restauradas, informações detalhadas e todo tipo de memorabilia destinado ao fã colecionador de carteirinha.
Após o fim desta edição limitada, a MRS se voltou aos fãs que não tinham poder aquisitivo para a versão de colecionador, mas ainda queriam ouvir e ver Elvis em Tupelo. A versão Digipack do DVD foi lançada em 30 de julho de 2007 e trazia todo o conteúdo audiovisual da Deluxe, mas disponibilizava apenas um livreto de 16 páginas.
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