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sexta-feira, 29 de março de 2019

ELVIS: That's The Way It Is

ELVIS: THAT'S THE WAY IT IS (EUA, 1970)

Título brasileiro: Elvis É Assim
Gravação:
14 de julho a 9 de setembro de 1970
Lançamento:
11 de novembro de 1970
Duração:
108min (original) / 96min (reedição)
Produtora:
Metro-Goldwyn-Mayer
Orçamento:
US$ 2 milhões
Arrecadação:
US$ 3,5 milhões
Elenco principal:
Elvis Presley
The Imperials
The Sweet Inspirations
Trilha sonora:
"I've Lost You" (single)
[b/w "The Next Step Is Love'"]
(14 de julho de 1970)
"You Don't Have to Say You Love Me" (single)
[b/w "Patch it Up"]
(6 de outubro de 1970)
"That's the Way it Is" (LP)
(11 de novembro de
"That's the Way it Is - Special Edition" (CD)
(11 de julho de 2000)
"That's the Way it Is" (CD/LP)
(FTD, 2008/2012)
"That's the Way it Is - Deluxe Edition" (CD)
(5 de agosto de 2014)
"That's the Way it Is - 50th Anniversary Edition" (CD)
(FTD, 2020)




That's the Way it Is é o 32º filme de Elvis, seu primeiro fora do contrato com Hollywood e o segundo de quatro documentários sobre sua carreira. Nele, a MGM explora os bastidores das apresentações em Las Vegas, o ritmo de gravações e ensaios, e a histeria dos fãs que faziam de Elvis o Rei do Rock.

Em agosto de 1969, Elvis retornava aos palcos para se consagrar como o Rei do Rock e Country pelos próximos oito anos. A recepção foi tão calorosa e extremamente esperada que as filas para tentar comprar ingressos para os shows em Las Vegas eram quilométricas. Quando não haviam filas, a explicação era óbvia: todos os ingressos haviam sido pré-vendidos.

Com o sucesso o Coronel Parker, que não perdia nenhuma oportunidade de faturar, começou a montar no ano seguinte um projeto cinematográfico que levaria as vendas de Elvis para um patamar nunca antes visto. O '68 Comeback Special já havia funcionado na TV - e bem mais do que o esperado, não existia uma razão pela qual se pudesse dizer que um filme para o cinema não agradaria.

Nem mesmo Elvis poderia recusar fazer mais um filme, apesar de estar extremamente cansado do seu papel no cinema. O show frustrado de 1956 em Las Vegas também havia ficado para trás, como mostraram os fãs que lotaram todas as suas apresentação desde julho de 1969, e isso era um estímulo a mais.

Tamanho sucesso levou o International Hotel (renomeado Hilton Hotel em 1972) a assinar um contrato para receber o show de Elvis duas a três temporadas por ano até o fim de 1975 (em 1976 Elvis fez apenas uma temporada em Vegas). O Sahara Hotel, em Lake Tahoe, próximo a Las Vegas, não ficou atrás e contratou as apresentações de uma temporada entre 1971 e 1976 (em 1974 houveram duas).

Não demorou muito para que a MGM levasse o projeto à frente. E é nos estúdios da mesma que, depois da abertura do filme, a produção se concentra por mais de meia hora.

Abaixo, o trailer original de 1970.


A SEQUÊNCIA DE ABERTURA (VERSÃO DE 2000)

CURIOSIDADE: Embora a produção indique que somente seis shows (10 a 13 de agosto de 1970) foram gravados para a edição final, poucos sabem que existe uma sétima apresentação dentro do filme. Ela é vista em algumas cenas da sequência de abertura e foi capturada em 9 de setembro de 1970 em Phoenix, Arizona.















Em 4 de junho de 1970, Elvis foi ao RCA Studio B, em Nashville, onde o produtor Felton Jarvis tinha montado uma sessão de gravação com a participação da lenda da guitarra James Burton e o restante de sua banda. Cinco noites de gravação geraram material para pelo menos três futuros álbuns e quatro singles, incluindo "Elvis: That's The Way It Is" e o álbum essencial "Elvis Country".


BANDA E BACKING VOCALS

Consagrados como a melhor banda de Vegas desde 1969, os seis homens mais bem pagos do mercado eram, nas palavras de Elvis, "a espinha dorsal das apresentações". Burton não perdia uma oportunidade sequer de mostrar seu talento na guitarra (que se estendia até mesmo a copiar sons vocais feitos por Elvis) e o restante do grupo acompanhava com a mesma graça.






Os backing vocals não poderiam ser melhores. A soprano Millie Kirkham, que trabalhara em várias gravações de Elvis desde 1957 e se apresentou junto a ele em 1969 e parte de 1970, usava toda a potência de seus pulmões para tornar a música ainda mais excelente. Kathy Westmoreland, que assumiria a posição de soprano do fim de 1970 até 1977 e era carinhosamente apresentada por Elvis como "a garota baixinha com a voz alta", agregou a mesma qualidade ao grupo.

As Sweet Inspirations, grupo formado por Cissy Houston (mãe de Whitney Houston) em 1963, eram outro apoio vocal magnífico. Houston não chegou a trabalhar muito com Elvis, mas sua criação assumiu a magnânima tarefa em 1969 e somente deixou Elvis por ocasião de sua morte, em 1977. Myrna Smith, Sylvia Shemwell, Dee Dee Warwick e Estelle Brown elevaram o grupo, com a ajuda do nome de Elvis, a um patamar nunca antes alcançado.

Junto a Kirkham e as Sweet Inspirations estavam os Imperials, o melhor quarteto Gospel da década de 1960 e 1970. Eles trabalharam primeiramente com Elvis na gravação do disco "How Great Thou Art" (1967) e foram imediatamente chamados para compor seus backing vocals no retorno aos palcos em 1969. Conflitos de agenda fizeram com que eles fossem substituídos por JD Sumner e o Stamps Quartet em 1972. Em 1973 o Voice, liderado por Sherrill Nielsen, seria adicionado.





Em 14 de julho, os ensaios para o filme e shows começaram no lote da MGM em Culver City, Califórnia. As câmeras de Hollywood gravaram cinco ensaios antes da noite de abertura, em 10 de agosto, inclusive um teste do show completo com os backing vocals, orquestra e banda no palco do International em 7 de agosto. Inquestionavelmente, Elvis ampliou seu repertório para o filme e ele e sua banda trabalharam incansavelmente para compartilhar uma grande variedade de músicas com seu público. O diretor Denis Sanders conquistou o resultado final magnificamente, fornecendo aos fãs em todo o mundo o primeiro vislumbre do que era trabalhar com o Elvis contemporâneo no auge de seu talento vocal.














DIFERENTES EDIÇÕES

A edição final de Denis Sanders, lançada em 1970, era um pouco diferente da que foi re-lançada em 2000. A original era mais longa, se estendia por 106 minutos aos invés dos 93 da nova edição. Sanders mostrava o que acontece ao redor, o público, a sensação. A nova versão já vai direto ao assunto - Elvis, os ensaios e os shows. Ela optou por omitir algumas canções e sequências menos importantes para mostrar mais dos ensaios.

















Infelizmente, a versão de 2000 pecou em omitir músicas magníficas da versão original, como "I've Lost You", "Sweet Caroline", "I Just Can't Help Believin'" e "Bridge Over Troubled Water". Do mesmo jeito, ela errou em não usar outras canções que fariam muito sucesso, como as raras "Twenty Days and Twenty Nights", "The Next Step Is Love" e "Stranger In the Crowd", cantadas nos shows gravados. Também foi um engano modificar a edição de imagens original, que nos brindava com muitos momentos engraçados.

Abaixo, trailer da re-edição de 2000.



EDIÇÃO DE IMAGENS

Em algumas canções, o diretor resolveu usar imagens de shows diferentes para uma mesma música. Mas isso passou desapercebido por muito tempo devido ao magnetismo de Elvis. Alguns chamam de "defeito" a utilização de uma edição tão intrincada e de "repetitivo" o uso de ângulos diferentes, mas quem entende o significado deles e o que o diretor queria mostrar, chama apenas de genialidade.

Para nossa felicidade, a edição de 2000 continuou essa dinâmica, e até incluiu mais cenas do tipo. "Love Me Tender" traz uma visão excelente da conexão entre Elvis e seu público enquanto ele passeia pela platéia, e também nos mostra que até uma banda tão boa quanto a do Rei do Rock pode perder o passo diante de uma situação tão inusitada.



















Uma seleção de canções de sucesso na década de 1950, como as clássicas "Heartbreak Hotel",  "One Night", "Blue Suede Shoes" e "All Shok Up" é antecedida da extremamente movimentada "Polk Salad Annie" e sucedida pelo hit de 1969 "Suspicious Minds". "Can't Help Falling In Love" traz o final do espetáculo, sendo imortalizada pelo momento e consagrada como a canção de encerramento de 99% dos shows dalí até 1977.










BOX DELUXE DE 2014

Em 14) de julho de 2014 a RCA, em conjunto com a MGM, Sony Legacy e a EPE, anunciou o relançamento do filme em dois DVDs (com a versão de cinema de 1970 e a reedição de 2000) que serão acompanhados de oito CDs com os shows completos e sobras de gravações, além do álbum original lançado em 1970. O novo box estará nas lojas a partir de 5 de agosto.

O novo material visa manter o interesse em "That's the Way It Is", ao mesmo tempo que também procura apelar para os colecionadores compulsivos.

Melhoras foram feitas no áudio, com novas mixagens tanto do filme quanto dos CDs. Algumas faixas foram claramente ajudadas pela adição de novas gravações de instrumentos que, originalmente, não se destacavam.

Abaixo, o trailer modernizado de 2014 - que, diga-se de passagem, foi estragado pela Warner ao adicionar efeitos "jovens".



Para quem não exige tanto do som e imagem, mas aprecia tudo somente por ser de Elvis, todas as gravações presentes neste relançamento já são conhecidas.

As duas versões do filme estão disponíveis desde 2000 e o áudio completo dos seis shows usados para compor a produção foi lançado no box "That's The Way It Is: The Complete Works" em 2007.


THAT’S THE WAY IT IS: ALÉM DA FICÇÃO


O trigésimo segundo filme de Elvis havia sido originalmente intitulado “Elvis: A Film About Him” (Elvis: Um Filme Sobre Ele), inclusive já tendo sido usado em propagandas iniciais. Mas havia um impasse quanto a isso: em Paris se chamaria “The Elvis Show” e no Japão, simplesmente “Elvis”. “Elvis: That’s the Way It Is” surgiria e se tornaria o nome padrão no mundo somente depois de muita discussão.

O conceito do filme nasceu no início de 1970, quando o Coronel teve uma ideia genial para fazer o maior montante de dinheiro no menor tempo possível: por que não apresentar um show de Elvis em pay-per-view durante uma única noite em um evento de circuito fechado? Isso seria conseguido exibindo um show de Elvis ao vivo de Las Vegas via satélite para cinemas selecionados por todos os Estados Unidos. Elvis receberia um cachê de US$ 1 milhão, o maior já pago por um único show de um artista.

Filmways Productions já havia dado uma entrada de US$ 100 mil para o projeto, mas o mesmo teve de ser cancelado depois que o jornalista Robert Hilburn escreveu sobre a iniciativa em sua coluna no Los Angeles Times. Como se sabe, o formato foi usado em 1972, na primeira tentativa de transmitir um show de Elvis via satélite para o mundo, e posteriormente na transmissão do “Aloha From Hawaii”, em 1973.


O Coronel então ofereceu a ideia a Kirk Kerkorian, que além de ter trabalhado de perto com Elvis no International Hotel, era o novo dono da MGM. Autorizada a ideia, decidiu-se que seriam filmados alguns ensaios de julho de 1970  no estúdio da RCA na Sunset Boulevard e, posteriormente, nos estúdios da MGM em Culver City.

Nessas ocasiões, Elvis e sua banda ensaiaram nada menos do que sessenta músicas, muitas delas novas e apresentando dificuldades para executar. A MGM filmou cinco ensaios em Culver City, mas não teve acesso a um sexto  – no dia 23 de julho – a pedido de Elvis, que queria trabalhar mais próximo à banda e sem interrupções. No total, as câmeras da MGM capturaram vinte das sessenta canções ensaiadas.

Em 4 de agosto, seis dias antes da estréia, os ensaios foram movidos para o palco do International Hotel. A MGM capturou este primeiro ensaio e também o do dia 7, quando Elvis trabalhou pela primeira vez com Joe Guercio e sua orquestra. Não é novidade que o maestro desaprovou o estilo de ensaio de Elvis no primeiro momento, mas também não é fato novo que ele declarou posteriormente que aprendeu a entender e admirar o estilo de Elvis.

Entre 10 e 13 de agosto de 1970, a MGM filmou dois shows por noite (exceto na abertura do dia 10, que sempre tinha um único show). Para complementar a ação, também foram filmadas entrevistas com fãs e famosos no lobby do hotel e a apresentação de 9 de setembro. Também foram inseridas cenas dos bastidores, mas nunca houve uma invasão da privacidade de Elvis. Para o diretor Denis Sanders, isso poderia causar problemas e fofocas.

E fofocas eram tudo que Elvis não precisava naquele momento. Ao contrário de 1969 e início de 1970, desta vez Priscilla só tinha permissão para comparecer aos shows de abertura e encerramento da temporada. Ela e Lisa ficavam em Graceland no restante do tempo, mas Priscilla certamente não desconhecia totalmente as atividades noturnas de Elvis.

Por esses dias, Kathy Westmoreland conheceu seu chefe intimamente, bem como a jovem estrela Barbara Leigh. Além disso, Joyce Bova, que havia passado algum tempo com Elvis na temporada de agosto de 1969, voltou à cena. Patricia Ann Parker, uma garçonete de Los Angeles que dizia ter estado com Elvis durante a temporada de janeiro de 1970 e estar carregando seu filho, havia entrado com um processo de paternidade contra ele. Sua única prova era uma foto com Elvis do lado de fora de seu camarim. Mais tarde tanto Elvis quanto Patricia fizeram testes sanguíneos, os quais comprovaram que o filho não era do cantor.

Para piorar, chegava a primeira de muitas ameaças de morte. Um envelope com um menu que exibia uma foto de Elvis foi entregue na recepção do International. Uma arma havia sido desenhada na foto e apontava para sua cabeça. Em um bilhete, a pessoa prometia matá-lo durante o show de 30 de agosto se não recebesse US$ 50 mil.

O Coronel entrou em contato com o FBI e trabalhou estratégias de defesa, mas a decisão final era de que o show precisaria ser cancelado. Elvis se recusou dizendo “eu não daria essa satisfação ao bastardo”. Parker providenciou para que o FBI desse permissão à Máfia para carregar armas e plantasse alguns agentes na platéia, pois todos desconfiavam que, se acontecesse, o tiro partiria de lá e à queima-roupa.


No dia 30, os ânimos estavam acirrados. Elvis estava com uma pistola Derringer presa a uma de suas botas e passou praticamente todo o show de perfil para a platéia, olhando para o piano de Glen Hardin, na esperança de dar um alvo menor ao assassino. De repente, a voz de um homem ecoa pelo local: “Elvis!”. Todos congelaram de medo, mas felizmente o homem só queria um autógrafo. Aparte disso, nada diferente ocorreu e a ameaça- obviamente - não foi efetuada.
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TRILHA SONORA


Para promover o filme vindouro, a RCA programou o lançamento de singles com faixas que estariam no filme e no LP da produção em datas específicas. O primeiro deles, "I've Lost You", com "The Next Step Is Love" no lado B, chegou às lojas em 14 de julho de 1970. Embora parecessem promissoras, as canções estrearam na 85ª posição da Billboard Hot 100 e chegaram somente à 32º colocação nas vendas.

O single seguinte, "You Don't Have to Say You Love Me", com "Patch it Up" no lado B, lançado em 6 de outubro daquele ano, ficou ainda mais para trás - apenas na 41ª posição.


O LP com a trilha da produção chegou ao público em 11 de novembro de 1970, juntamente com a estreia do filme nos cinemas. Apesar de utilizar o nome da produção, o disco não é considerado exatamente a trilha sonora dela por conter canções que Elvis não interpreta no filme (embora ele as tenha ensaiado e até mesmo rendido sem que a MGM ou a RCA incluíssem tais performances em seus produtos finais). Melhor sucedido do que seus singles, o LP alcançou a 21ª posição da Billboard 200 e a 8ª nos gráficos Country. O certificado de Ouro veio em 28 de junho de 1973 e o de Platina, em 8 de março de 2018.

Por sua importância histórica, o álbum continuou a ser relançado através dos anos. Sua primeira reedição em CD ocorreu em 1992, trazendo somente as faixas originais remasterizadas. Em 11 de julho de 2000 a RCA reeditou o trabalho e trouxe uma edição especial em CD triplo, retrabalhado pela FTD e relançado em um álbum duplo em 2008. A versão definitiva veio ao mercado em 5 de agosto de 2014, contando com 8 CDs e 2 DVDs.

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