EAP Index Brasil: Entrevista com Sheila Ryan

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Entrevista com Sheila Ryan

Sheila Ryan foi namorada de Elvis entre o fim de 1973 e o início de 1975, período em que ele e Linda Thompson estavam um tanto distantes, apesar de ainda estarem em uma relação. Ryan foi capa da Playboy de outubro de 1973 e teve um breve casamento com o ator James Caan em 1976.  Sheila morreu em 18 de setembro de 2012, um dia após completar 60 anos, devido a um câncer.

Abaixo disponibilizamos a transcrição de entrevista dada ao jornalista David Adams, do site Elvis Australia, em 2010.

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EA: Quando foi a primeira vez que encontrou Elvis?

SR: A primeira vez que encontrei Elvis foi em Las Vegas e Joe Esposito me levou aos bastidores. Ele saiu do camarim com uma toalha no pescoço e havia, talvez, trinta pessoas na sala; ele sai e a primeira coisa que faz, a primeira coisa que acontece é nossos olhos se encontrarem. E todos notaram isso, particularmente a garota com quem ele estava saindo. Quero dizer, foi uma espécie de coisa mágica de que só acontece uma vez. Ele apenas sai da sala e boom, você sabe como é. Mágica. E eu sabia naquele momento, sabe - tive uma intuição que a maioria das mulheres têm, e eu certamente tinha naquela época, e sabia que ia passar muito tempo com ele.

EA: Então vocês clicaram instantaneamente?

SR: Instantaneamente. Eu Sim, não acontece mais rápido do que aquilo aconteceu. Era o destino.

EA: Elvis jogou uma uva em você?

SR: Oh, sim. Ele jogou uma uva em mim, sim, e eu ainda não tenho certeza realmente por que ele jogou aquela uva em mim. Joe Esposito disse que foi de propósito para que pudesse ter uma razão para vir falar comigo. Eu pensei que ele a tinha jogado no Joe por trazer, você sabe, uma mulher atraente e que fosse um tipo de ciúme. Eu pensei, mas ainda não tenho certeza até hoje e não sei se vou ter, realmente.

EA: Quais foram as primeiras palavras de Elvis para você?

SR: As primeiras palavras de Elvis para mim foram: "Desculpe". Quero dizer, foi uma jogada incrível, na verdade. Ele provavelmente estava a uns quinze metros de distância e eu estava flertando porque, depois daquele primeiro olhar, você sabe, eu realmente não precisava saber de mais nada naquela noite. Sua namorada estava lá. Eu não ia fazer uma cena, você sabe, mas como ele atirou aquela uva e me acertou bem entre os olhos, na testa, é incrível para mim.

EA: Você provavelmente é a única mulher no mundo nessa situação.

SR: Amor à primeira uva, sim.


Cheque de mil dólares dado a Sheila Ryan (escrito "Shiela") como bônus de Natal em 7 de dezembro de 1974


EA: Vocês começaram a conversar naquela noite?

SR: Não, eu não consegui conversar com Elvis naquela noite.

Não além de quando ele veio, se ajoelhou, estava se desculpando muito, e eu estava me sentindo desconfortável porque sabia que sua namorada estava assistindo e não havia erro sobre o que estava acontecendo entre nós dois. Era, você sabe, uma dessas coisas. Então ele se levantou e teve que sair e, você sabe, estar com o resto das pessoas na sala, e então eu aproveitei a sugestão e fui embora. Você sabe, quase imediatamente. Pedi ao Joe Esposito para me levar para fora e assim eu não consegui falar com ele naquela noite.

EA: Quando foi a próxima vez que você viu Elvis?

SR: Eu estava em um apartamento, estava me mudando e, como eu disse antes, naquela época da minha vida, eu só tinha o saber, eu sabia coisas. Então meu telefone foi desconectado por dois dias porque eu estava transferindo de apartamento e sabia que Joe estava tentando desesperadamente me alcançar. Eu só sabia e assim que o telefone foi conectado, tocou e era Joe. E, você sabe, eu só disse, "Olá, Joe". E ele disse: "Deus, como você sabia que era eu? Onde diabos você estava? O chefe...", você sabe, ele não estava exatamente zangado, mas frustrado por não ter sido capaz de me alcançar por dois dias e eu meio que ri. E ele disse: "Meu chefe gosta de você e quer te ver".

EA: Você foi a um grande encontro com Elvis?

SR: Sim, fui a um grande encontro com Elvis. Grande, grande encontro. Ele durou cerca de dois anos. É um grande encontro.

EA: Que tipo de coisas vocês faziam?

SR: Nós fugíamos no meio da noite para tomar sorvete e vinham helicópteros e a guarda armada, você sabe, nos buscar e nos colocavam sob a mira de uma arma e era como, "volte para o hotel". Claro, eu estou exagerando, mas, sim, nós fizemos coisas do tipo, apenas tentávamos ser crianças, crianças más. E ele me entreteve. A segunda noite que eu estava lá, a nossa segunda noite juntos, ele me levou para a varanda da suite do Internacional, você sabe, a grande suíte em Las Vegas que era uma espécie de casa quando ele estava lá. E ele cantou para mim. Ele cantava muito e nós líamos e nos divertimos. Nós nos divertimos.

EA: Quais foram as qualidades que você viu em Elvis que te tocaram?


SR: Elvis tinha qualidades que nenhum outro ser humano teve, tem ou terá. Algumas delas são tão difíceis de descrever porque o carisma, as qualidades que ele tinha quase não eram deste mundo. Elas eram, muitas vezes, angelicais. Ele sabia coisas antes de acontecerem. Ele sabia coisas que eu estava sentindo antes de senti-las. Ele era muito jovial, tinha aquela qualidade de garotinho e eu sempre disse, você sabe, antes de conhecê-lo, que ele tinha aquele sorriso que todo mundo interpretava como sendo seu olhar sexy. E não era nada disso. Não era um olhar sexy. Era a sua inocência, a sua vulnerabilidade. Não era nada que ele ligasse e desligasse.

EA: Elvis tinha um coração mole?

SR: Eu não acho que há outra pessoa, novamente, quero dizer, vamos ser realistas. O homem não era normal, você sabe. A maior alegria que ele tinha era em presentear e eu realmente não entendia muito isso na época. Mas o que trazia mais alegria para ele era doar.

EA: O que significou mais para você em seu relacionamento com Elvis?

SR: A coisa que mais me interessou no meu relacionamento com Elvis foi que era diferente dos relacionamentos que ele tinha tido com outras mulheres e que eu não era irritante, ciumenta. Não estou dizendo que todas as mulheres com quem ele esteve eram chatas e ciumentas, mas eu não tentei mudá-lo. Quero dizer, eu não esperava que ele fosse monogâmico. Quando ele ia embora, eu sabia que estaria com outra mulher e que quando voltasse iria me contar sobre o que aconteceu. E nós ríamos porque, você sabe, eu estava segura em saber que eu não era uma ciumenta. Eu ainda não sou uma pessoa ciumenta. E então o que era mais diferente no meu relacionamento com ele é que ele não tinha que se explicar. Ele não precisava ter medo. Ele não precisava se esconder, embora escondesse algumas coisas. Quer dizer, não era completamente um livro aberto.

EA: Foi um relacionamento realmente apaixonado?

SR: Nosso relacionamento era apaixonado e eu fico surpresa ao ouvir das mulheres que conheço, porque na época havia basicamente duas. Você sabe, eu e depois Linda Thompson e nós ficávamos tipo que em uma disputa. Era ela e então eu cheguei, era uma espécie de corrida de cavalos, você sabe. Nós estávamos pescoço a pescoço e então eu caí para trás e ela, você sabe. Mas eu tinha ouvido que ele não tinha muita intimidade com as mulheres. Na maioria das vezes, você sabe, ele gostava de conversar muito, ficar acordado e lendo, e tivemos uma vida romântica apaixonada e muito ativa.

EA: Perdoe-me se não é você.

SR: Ah, eu sei o que está por vir.

EA: Elvis queria que todos pintassem o cabelo no meio da noite?

SR: No meio da noite, Elvis queria que seu cabelo fosse tingido. E assim ele queria que eu também fizesse isso. Ele não queria que Charlie Hodge tingisse. Eu não acho que Charlie realmente se prestaria a isso.

EA: Fale sobre a alegria de Elvis.

SR: Sim, ele tinha essa risada. Ele e Joe Esposito às vezes se reuniam antes que todos os outros chegassem. Eles iam para a sala comigo e Elvis começava a contar piadas. E então Joe também contava e, às vezes, era interessante porque eles terminavam as frases um do outro e então começavam a rir. Ele se deixava levar e começava a me bater na perna, você sabe, como alguém bate na própria perna, quando estavam rindo histericamente. Ele fazia isso e minha perna ficava como, você sabe, apenas um pouco dolorida. E então ele costumava se divertir com Ricky, seu meio-irmão. E ele tinha essa coisa que fazia com uma espada com Ricky. Não sei se você já ouviu falar sobre isso.

EA: Conte-nos sobre isso.

SR: Ok, ele podia fazer coisas que realmente não eram normais, mas, quero dizer, você poderia sempre se sentir seguro, não importa o que ele estava fazendo. Você sempre se sentiria como se houvesse anjos ao redor ou algo assim. Mas ele tinha essas duas, não sei que tipo de facas ou espadas samurai enormes. Ele dizia: "Ricky, vá buscar minhas facas". Ricky suava e ficava todo vermelho: "Não, por favor, não - eu faço qualquer coisa. Por favor, não me faça fazer isso". Então ele pegaria essas duas facas e entraria em seu tipo de modo de karate, você sabe, com sons e golpes ninjas. Passava acima e abaixo de seu corpo, não acertando, você sabe, apenas chegando perto mas nunca tocando; nós pensávamos que era engraçado, mas Ricky não pensava assim.

EA: Vocês nunca saíram só os dois?

SR: Uma vez fomos dar um passeio no Pantera amarelo e eu fiquei petrificada porque, você sabe, ele simplesmente não foi devagar. Eu estava preocupada, ele não dirigia muito porque estávamos sempre em uma limusine e era tarde, escuro e estávamos na interestadual para o Mississippi. Ele está neste carro e eu estou lá e é só nós dois; e eu pensando "ok, eu não sei como ser apenas nós dois", você sabe. E ele estava aceso, sabe, como uma árvore de Natal. Seus olhos estavam como ficavam às vezes, você sabe.

Estávamos a 120 km/h e eu estou pensando "ok, você sabe, eu posso lidar com 120". E então 135, 150 e 210. Nós estávamos indo a duzentos e dez e ele diz "aqui, pegue o volante", e tira as mãos. Eu disse: "Por favor, isso não é engraçado. Por favor". Tive que implorar para ele ver que eu estava realmente com medo. Eu estava realmente com medo, mas ainda assim era apenas um lado dele que não via muitas vezes. Despreocupado, você sabe, ele não estava no trabalho, não estava trabalhando. Ele não estava em Las Vegas e não estava fazendo shows. Então ele estava apenas se divertindo e quando vi os portões com as notas musicais, eu estava realmente feliz por estar de volta.


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Texto original: Elvis Australia
Fotos: Google e Elvis Australia
Tradução: EAP Index | http://www.eapindex.site
>> a re-disponibilização desta tradução só é permitida se mantidos os créditos e sem edições.<<

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